07. André e Matias na cidade dos Devoradores de Homens
Os Atos de André e Matias entre os Devoradores de Homens é possivelmente o melhor título escrito em celulose da era bíblica. Tudo começa quando os apóstolos fazem um sorteio para decidir em quais países eles irão pregar. André pega a Grécia central, Tomé pega a Índia, e Matias pega a Cidade dos Canibais, o que deve ter sido meio chato pra ele.
E não era apenas um simples nome. Assim que Matias passa pelo portão, os canibais o agarram e arrancam seus olhos. Eles também lhe dão uma droga especial que faz com que seus cativos ajam como vacas, um plot twist que você não esperaria dentro do gênero bíblico. Felizmente, Jesus imediatamente lhe devolve os olhos (embora Matias tenha que mantê-los fechados para que os canibais, pessoas naturalmente desconfiadas, não fiquem mais desconfiados). Ele então ordena que André venha ao resgate de Matias, dando-lhe um barco especial para que ele possa fazer a viagem em apenas três dias. Uma viagem presumivelmente mais demorada do que Matias preferiria, mas ele dificilmente estava em posição de ser exigente.
Depois que Jesus e André aumentam a velocidade em sua lancha para salvar Matias dos canibais vaqueiros, André chega fazendo o sinal da cruz e todos os guardas caem mortos, permitindo-lhe curar as mentes dos homens-vaca. Depois de teletransportar todo mundo para o meio de um dos sermões de Pedro, André se torna invisível e realmente começa a chutar traseiros, causando estardalhaço ao redor da cidade, transformando as dos mãos canibais em pedra e fazendo a terra os engolir.
Com seus capangas sendo destruídos, é claramente a hora do supervilão se revelar. Sim, Satanás se materializa na forma de um homem velho e assume o controle dos canibais, ordenando-os a arrastar André pelas ruas até que "sua carne ficasse presa ao chão e seu sangue jorasse". Não se preocupe, André finalmente vence, encerrando a cidade em uma parede de fogo e fazendo uma estátua pagã vomitar ácido de sua boca. Sem surpresas, os vilões derrotados rapidamente prometem deixarem de ser canibais e se tornarem Cristãos se André simplesmente concordasse em sair de lá dentro de uma semana. Ótimo negócio, não?
Calma que tem mais.
06. Um tanque de focas enfurecidas vs. Raio feminista
O manuscrito apócrifo do século II "Atos de Paulo e Tecla" conta a história de —você nunca vai adivinhar— Paulo e Tecla. Ela é uma jovem rica que ouve o apóstolo Paulo pregando e imediatamente enlouquece pelo Cristianismo. Isso não é um exagero. Quando Tecla começa a "chafurdar" na sujeira em que Paulo está sentado, as pessoas de sua cidade decidem que as coisas fugiram um pouco do controle e tentam conseguir a ajuda de que ela precisava, o que na época significava queimá-la na fogueira. Felizmente, Deus envia uma poderosa tempestade para apagar as chamas, e Tecla se une a Paulo para pregar a boa palavra.
Quando chegam a Antioquia, Tecla corta o cabelo para se passar por homem, o que não funciona muito bem. Assim que entram na cidade, um cara rico grita que ela é a mulher mais gostosa que ele já viu e começa a tentar apalpá-la no meio da rua. Tecla bate nele e ele corre para o governador, que a sentencia a ser despedaçada por animais selvagens. Isso ultraja as mulheres de Antioquia, que estão completamente fartas de lidar com velhos pervertidos apalpando-as nas ruas.
Enquanto isso, Paulo finge não conhecê-la e cai fora da cidade — está aí um amigo que você não pode contar na hora do aperto.
Tecla é jogada na arena, mas a leoa sanguinária que deveria destruí-la, em vez disso lambe a mão dela, e então começa a lutar contra os machos enquanto as mulheres na multidão aplaudiam. Isso infelizmente não funcionou, e a leoa foi morta com tanta certeza quanto Tecla estava prestes a ser. Determinada a não morrer sem ser batizada, Tecla pula em um tanque com ferozes focas devorados de homens... pera aí, focas? Sim, eu verifiquei duas vezes, focas comedoras de gente. A multidão grita, mas Deus vem com a assistência novamente, atirando raios em cada uma das focas e deixando Tecla envolta em "uma nuvem de fogo".
Nesse ponto, o governador fica tão frustrado que prende Tecla a alguns touros e queima suas bolas em um esforço para persuadi-los a destroçá-la; entretanto, o fogo apenas queima as cordas, e o governador finalmente cede. Todas as mulheres locais se convertem ao cristianismo e Tecla parte para encontrar Paulo, que fica "espantado" de vê-la viva. Com sua bênção, ela se torna uma pregadora famosa e vive até a madura idade de 90 anos. Curiosamente, embora este livro fosse aparentemente muito popular entre os primeiros Cristãos, os pais da igreja como Tertuliano declararam que a história não poderia ser verdadeira. Não por causa das leoas Cristãs, das focas devoradoras de homens ou de todos os efeitos especiais, se você quer saber — foi porque a história implicava que as mulheres poderiam realizar batismos.
05. Não estapearás Tomé
Atos de Tomé começa quando esse sujeito comparativamente sortudo tira a Índia como seu território, mas depois se recusa a ir, dando-lhe a distinção de ser uma das poucas pessoas a fazer Jesus perder a calma. Jesus intervém vendendo secretamente Tomé como escravo para um comerciante indiano, porque quando Jesus diz que você está indo para algum lugar, você pode ir pelo caminho mais fácil ou pelo caminho mais difícil.
A pequena aventura de Tomé com a escravidão não lhe ensina a humildade. Quando um copeiro lhe dá um leve pescotapa em seu lombo por ser um idiota em uma festa, Tomé calmamente o informa de que ele o verá ser devorado por cachorros. Pouco tempo depois, um cachorro entra na festa, arrastando a mão decepada que estapeou Tomé. O resto do corpo do copeiro é encontrado mais tarde desmembrado e com seus "membros apreendidos" por um bando de cães, e também por um leão.
Caramba, Tomé. André só fez isso com canibais.
Depois que o rei Gundaphoros ouve que Tomé é um grande carpinteiro, ele o contrata para construir um palácio. O rei descobre depois que Tomé tem desviado a verba da construção do palácio para sua pregação. Insatisfeito com a explicação de Tomé de que o palácio real do rei está no doce futuro, o rei decide esfolá-lo vivo, mas seu irmão morto de repente volta à vida e tenta comprar aquele doce palácio que o rei espera no céu. O rei feliz se reconcilia com Tomé, o que provavelmente o salvou de uma boa perseguição.
Tomé, em seguida, preenche o tempo com algumas coisas do tipo vilão-da-semana. Ele luta contra um dragão, depois com um terrível demônio estuprador e depois faz um sermão sobre os males da promiscuidade e um jovem convertido imediatamente mata sua namorada. Tomé meio que leva isso no passo e ressuscita ela, e a história termina com ela fazendo uma descrição tenebrosa dos horrores do Inferno, onde almas condenadas pendiam pelos cabelos e línguas sobre poços de fogo. Ela também viu "bebês amontoados uns sobre os outros, se revirando e lutando", com um demônio prestativo explicando que eram crianças nascidas fora do casamento. Claro que a vida após a morte tem docentes.
04. Pedro literalmente enfia um camelo no buraco de uma agulha
Em Atos de Pedro e André, Pedro está conversando com alguns amigos quando André surfa em uma nuvem brilhante (André é praticamente o jovem Goku nesses textos) e conta a Pedro sobre seu sucesso com os canibais. Jesus aparece e diz a ambos que eles podem ter uma hora para descansar antes de partirem para outra famosa cidade de bárbaros — porque isso foi bem antes das leis trabalhistas.
Quando chegam à cidade, descobrem que os moradores estão tentando afastá-los, forçando uma mulher nua a ficar no portão, mas André diz que pode resolver esse pequeno problema. Pedro, que não é exatamente o maior fã de André desde que ele se interessou por ajudar um fazendeiro no meio da jornada, murmura sem entusiasmo: "Faça o que quiser". Dentro de segundos, André tem a mulher gritando suspensa no ar pelos cabelos, enquanto os apóstolos se apressam por baixo dela.
Pedro e André podem ser uma dupla estranha, mas eles com certeza conseguem se virar em momentos de crise, como quando um homem rico começa a bater em André. Pedro ordena que ele pare e cita o sermão de Jesus sobre como é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. Em resposta, o cara rico continua a bater em André e começa a sufocar Pedro com um lenço. Mas então, ele concorda em se converter, mas somente se Pedro puder mostrar a ele um camelo literalmente passando pelo buraco de uma agulha. E por alguma razão, Pedro o leva ao pé da letra. Três vezes. Na quarta vez, apenas para fins de demonstração, ele consegue enfiar um camelo e seu cavaleiro através da agulha. Agora é assim que se converte uma cidade, André.
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03. Filipe mataria 5.000 pessoas para salvar uma donzela em apuros?
Os Atos de Xântipe, Polixena e Rebeca foram aparentemente escritos para capitalizar o grande sucesso de Paulo e Tecla, então você pode pensar nisso como o Maze Runner deles contra o Jogos Vorazes de Paulo e Tecla. O manuscrito começa com a história de Xântipe, que de alguma forma consegue ser insanamente enfadonha, apesar de uma cena em que Paulo tem que se defender de uma tropa de demônios que empunham raios, assim como Gandalf enfrentou o Balrog. Então a narrativa muda abruptamente para a anteriormente não mencionada mas charmosa irmã de Xântipe, Polixena. Ela quer ser batizada, mas é sequestrada no meio da noite por um rico mago do mal, que a empurra para um navio a caminho da Babilônia. Uma tempestade celestial força o navio a encalhar na Grécia, onde Polixena é resgatada pelo apóstolo Filipe e seu bando de seguidores desordeiros.
Neste ponto, a maioria dos sequestradores provavelmente teria desistido, mas o mago malévolo rapidamente pega emprestado 8.000 soldados de um parente poderoso que mora nas proximidades, e eles cercam a casa onde Polixena está se recuperando. Os 30 seguidores de Filipe têm a opção de orar docilmente ou atacar, sacudindo a cruz e matando 5.000 dos atacantes em combate corpo-a-corpo pelas ruas da cidade. Eles sabiamente escolheram a segunda opção.
Infelizmente, Polixena já havia escapado e fugido para a floresta, onde ela se depara com André, que é verdadeiramente o Wolverine do universo dos Apóstolos. Um barco chega para levá-la a Paulo, e os marinheiros tementes à Cristo derrotam um ataque de ilhéus ferozes antes de resgatá-la novamente depois que ela entrou em pânico e pulou do navio. Certamente, o incidente de Filipe deveria tê-la ensinado a parar de tentar fugir enquanto os cristãos exterminadores dão conta dos vilões, mas donzelas são seres naturalmente angustiados...
02. João é um homem amável...
Nos Atos de João, nosso menino é o cara mais simpático, humilde e mais doce do mundo. O que André resolveria com bolas de fogo, João resolve com amizade, e ele responde a pequenos insultos com risadas, em vez de ter pessoas comidas por ratos ou qualquer outra coisa, como Tomé. Infelizmente, João ainda vive no mesmo mundo de horrores implacáveis que os demais apóstolos.
João tem uma premonição em que um jovem tendo um caso com a esposa de outro homem massacra o casal antes de cometer suicídio. João chega para descobrir que o jovem já matou seu pai e está correndo em direção à casa do casal acenando com uma faca ensanguentada. André já estaria convocando Leviatã, mas João apenas apazigua as coisas, ressuscita dos mortos o pai e diz ao jovem que ele o deixará sair com apenas um aviso se ele prometer não tentar mais nenhum outro tipo de triplo assassinato qualificado e suicídio. João então prega um pequeno sermão sobre a castidade que impressiona tanto o jovem que ele imediatamente se castra com uma foice, invade o quarto de sua amante e lança os órgãos genitais a seus pés.
O texto considera isso um resultado feliz para todos, e João continua a espalhar as boas novas.
Mais tarde, uma seguidora de João chamada Drusiana morre, e os pervertidos locais Fortunato e Callimachus invadem seu túmulo por razões perversas. De repente, uma enorme cobra venenosa aparece e morde Fortunato, em seguida, derruba Callimachus e senta-se sobre ele até de manhã, quando João aparece para abençoar o corpo. João ordena que a cobra saia de cima de Callimachus, que fica tão grato que ele imediatamente se arrepende e se converte. João também ressuscita Fortunato para dar-lhe uma chance de arrependimento, mas Fortunato pondera e decide que prefere estar morto, após considerar as opções.
01. André deixa um rastro de destruição na Ásia menor
Acredita-se que os Atos de André sejam os primeiros "Atos" apócrifos, e seu grande sucesso inspirou muitas sequências não autorizadas. Prequels, na verdade, visto que (alerta de spoiler!) André morre no final. A história segue o super-apóstolo favorito de todos enquanto ele destrói o mundo antigo. André responde até mesmo a pequenos reveses, convocando terremotos, e seu principal método de persuadir as pessoas a se converterem é assassiná-las e depois ressuscitá-las, uma vez que tenham cozinhado um pouco no fogo do inferno.
E seus métodos são surpreendentemente eficazes. Uma tropa de soldados tenta prendê-lo, mas caem mortos imediatamente, enquanto uma cobra que o irrita vomita sangue até que ela morra. André pessoalmente agride demônios disfarçados como um bando de cães ferozes que estão correndo por aí matando pessoas — porque cães assassinos só são legalizados se estiverem a serviço de Tomé. A esposa e o mordomo do procônsul Lúcio criam problemas para um cristão, então "enquanto se banhavam, um demônio medonho veio e matou os dois". André os traz de volta mais tarde, porque é assim que ele faz.
Em minhas contas, ele ressuscitou 48 pessoas ao longo do breve texto. Em um ponto, um governador romano tenta dá-lo de alimento a um leopardo, e André faz o leopardo estrangular o filho do governador. Os astutos amantes de felinos podem observar que os leopardos não possuem mãos, então isso foi duplamente impressionante!
Quando chega a hora de André ser martirizado, ele tem que persuadir os soldados a amarrá-lo à cruz em forma de X, já que eles estão (compreensivelmente) escondidos bem longe dele. André ficou lá, rindo e pregando, por três dias — como se a crucificação fosse apenas uma atividade recreativa. Ele ainda tem que repreender o governador aterrorizado por tentar retirá-lo de lá. Quando uma multidão obriga o governador a tentar novamente, André mostra quem comanda, pedindo a Deus para matá-lo imediatamente. Pelo menos ele morreu assim como viveu: aterrorizando a todos em um raio de 50 quilômetros.
