O Caso das Máscaras de Chumbo

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Zona 33
O dia é 18 de agosto de 1966, uma manhã de sábado. A chuva cai incessantemente sobre o alto do Morro do Vintém, no bairro Santa Rosa, em Niterói, Rio de Janeiro (Brasil). Um jovem sobe o morro para montar uma armadilha para capturar pássaros, no entanto, ele acaba se deparando com uma visão aterradora: dois cadáveres trajando terno.

Assustado, o garoto correu até a casa de um policial que aparentemente não deu ouvidos ao seu testemunho. Posteriormente, outros três garotos que procuravam por uma pipa, se depararam com os mesmos cadáveres, dessa vez a polícia entrou em ação.

Na manhã seguinde (dia 21 de Agosto), policiais, bombeiros, jornalistas e curiosos levam mais de duas horas para subir debaixo de chuva até o topo do Morro do Vintém, em um subúrbio de Niterói, que na época ainda era uma cidade pacata. Chegando ao local indicado, o odor pungente de morte deixa a todos atordoados. Ali estavam os corpos de Miguel José Viana, 34 anos e Manoel Pereira da Cruz, 32 anos; dois humildes radiotécnicos que se envolveram numa misteriosa e fatal experiência. Ali se deu início a um mistério que perdura até os dias de hoje, o Caso das Máscaras de Chumbo.

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Imagens de jornal. Cobertura da mídia na época.

Nenhum sinal de violência ou luta corporal foi registrado. Os corpos estavam próximos, um ao lado do outro, deitados de costas para o chão, em cima de uma espécie de cama feita com folhas de pintoba (um tipo de palmeira), cortadas com faca ou algo similar. Estavam bem vestidos com ternos limpos e capas de chuva. Já se encontravam em adiantado estado de decomposição quando foram encontrados e, ao seu lado, haviam vários objetos: [1] um estranho marco de cimento, [2] uma garrafa de água mineral magnesiana, [3] uma folha de papel laminado (que foi usada como copo) e [4] um embrulho de papel com duas toalhas.
Mas, o que mais chamou a atenção da polícia foram outros itens: [5] um par de óculos pretos com uma aliança em uma das hastes, [6] um lenço com as iniciais M. A. S., [7] duas máscaras de chumbo e [8] um papel com equações básicas de eletrônica. Uma delas era a Lei de Ohm, envolvendo potência, tensão, corrente e resistência.

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Foto do papel com as enigmáticas instruções.

Junto to item [8] estava um curioso pedaço de papel com as seguintes instruções:
16,30Hs. Estar no local determinado.
18,30Hs. Ingerir cápsula. Após efeito, proteger metais. Aguardar sinal – Máscara.
No bolso de Manuel, um dos mortos, foi encontrado [9] um maço de cigarros da marca Continental, praticamente quase no fim. Quem é fumante entende que a experiência que levou os dois à morte estava programada para ser curta, pois se fosse longa e tivessem que passar a noite no alto do morro, com certeza Manuel teria levado um maço extra. Também foram encontrados [10] 157 mil Cruzeiros no bolso de uma das vítimas e 4 mil em posse da outra.


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As duas máscaras de chumbo encontradas com os corpos

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A "tosca" máscara de chumbo. Reprodução/mistérios inexplicáveis

A autópsia realizada nos cadáveres, pelo médico legista doutor Astor Pereira de Melo, nada revelou como causa mortis, pois não havia sinais de violência, envenenamento ou distúrbios orgânicos, além da total ausência de contaminação por radioatividade.

Foram realizados diversos exames toxicológicos em várias amostras das vísceras dos mortos, e todos deram negativos. Os documentos que portavam permitiram facilmente identificar que eram os radiotécnicos Miguel José Viana e Manoel Pereira da Cruz, moradores da cidade de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, e sócios num pequeno negócio. Os exames grafotécnicos realizados nos bilhetes encontrados provaram que a caligrafia era de Miguel, mas as palavras utilizadas não faziam parte do vocabulário simples de nenhum dos dois (segundo familiares e conhecidos), o que levou a polícia a acreditar que alguém ditou tais palavras para as vítimas.

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À esquerda, Manoel Pereira da Cruz. À direita, Miguel José Viana. Reprodução/Jornal da época.

Para adicionar mais um elemento bizarro na mistura de mistério que se apresentava às autoridades que os encontraram; na mesma noite e horário que os radiotécnicos morreram, em 17 de agosto de 1966, quarta-feira, várias testemunhas viram um OVNI no alto do Morro do Vintém. Ele foi descrito como tendo forma arredondada, com um halo de luz alaranjada intensa e um anel de fogo soltando raios azuis. O objeto sobrevoou por alguns instantes o local exato onde foram encontrados os corpos. Até hoje a polícia não soube explicar o que realmente aconteceu. Seria um simples latrocínio (Roubo seguido de assassinato,  artigo 157, §3º do Código Penal Brasileiro) ou uma experiência parapsicológica mal sucedida? Uma experiência psicotrônica com um final trágico ou um encontro fatal com tripulantes de um disco voador?

O Passo a passo

Para tentarmos entender o que pode ter acontecido, vamos detalhar, passo a passo, o que eles fizeram desde que saíram de Campos dos Goytacazes até o momento em que foram encontrados mortos em Niterói.

Agosto de 66 – Não se sabe precisamente o dia, mas as duas máscaras de chumbo foram confeccionadas pelos radiotécnicos em sua oficina em Campos, RJ, pois lá foi encontrado o restante da placa de chumbo  utilizada.

Em 16/08/66, terça-feira à noite, Manoel Pereira da Cruz informou para sua esposa Neli que iria para São Paulo, juntamente com Miguel José Viana, seu sócio, casado, para comprar um carro usado e alguns componentes eletrônicos para o estoque da oficina. Ele embrulhou dois milhões e trezentos mil cruzeiros (mil dólares, aproximadamente) para levar na viagem.

Em 17/08/66, quarta-feira, às 09:00 horas, os radiotécnicos pegam o ônibus na rodoviária de Campos, com destino à Niterói e não São Paulo como haviam informado à família. Antes de partir, Miguel tem um estranho dialogo com sua sobrinha:

– Tá indo pra onde, tio?
– Pra São Paulo.
– Vai fazer o que em São Paulo
– Comprar um carro.
– Em São Paulo? Por que o senhor não compra aqui, é mais barato.
– Eu preciso saber de uma coisa. Depois quando eu voltar, eu te conto se acredito mesmo nessa estória de espiritismo ou não.

Em 17/08/66, quarta-feira, às 14:30 horas, eles chegam na rodoviária de Niterói.

Entre as 14:30 horas até o instante em que eles morreram, a polícia descobriu que eles passaram em uma loja de componentes eletrônicos, onde eles eram fregueses, a Fluoscop, situada na Travessa Alberto Vitor, 13, no Centro de Niterói. Passaram em uma loja e compraram capas de chuva. Passaram em um bar, situado na Av. Marquês do Paraná e compraram uma garrafa de água mineral magnesiana, não esquecendo de pegar o comprovante do vasilhame, para poder devolver na volta. O vendedor no boletim policial afirmou que Miguel estava muito nervoso e não parava de consultar o relógio.

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Imagem: Shutterstock

Aquele dia estava chuvoso e escurecendo rapidamente.

O vigia Raulino de Matos, morador do local, avista Miguel e Manoel em companhia de mais dois suspeitos até hoje não identificados pela policia. Os dois suspeitos levam Miguel e Manoel de jipe até o pé do morro, logo os dois desembarcam e seguem o resto do caminho à pé. Vale ressaltar que no caminho havia um centro espirita, o que poderia aumentar a suspeita de envolvimento com experimentos parapsicológicos.

Na manhã do dia 18/08/66, quinta-feira, um rapaz de 18 anos, Paulo Cordeiro Azevedo dos Santos, que estava caçando passarinhos, viu os corpos e avisou o guarda Antônio Guerra, que servia na radiopatrulha. Posteriormente, esse guarda foi ouvido pelo Delegado Venâncio Bittencourt, que comandou as investigações, para saber porque demorou dois dias para ir ao local onde foram achados os cadáveres. Admitia-se que o guarda ou outra pessoa teria revistado os cadáveres, para se apropriar do dinheiro, mas nada ficou comprovado.

Dois dias depois, em 20/08/66, sábado, por volta das 18:00 horas, um rapaz também de 18 anos, Jorge da Costa Alves, estava procurando sua pipa juntamente com outros dois meninos, quando sentiram um forte mau cheiro e localizaram os corpos. Jorge avisou a Segunda Delegacia de Polícia (2ª DP) de Niterói.

Em 21/08/66, domingo, pela manhã, a Polícia, os Bombeiros, jornalistas e curiosos subiram o morro para resgatar os corpos. No bolso de um foi encontrado a quantia de 157 mil cruzeiros (68 dólares) e no bolso do outro 4 mil (menos de 2 dólares), além dos relógios.

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As Teorias

Assim, a Polícia iniciou as investigações. Um dos bilhetes e o sumiço do dinheiro reforçaram a hipótese de um terceiro personagem. Também, a ausência de uma faca ou objeto cortante, utilizada para cortar as folhas de Pintoba, reforçou essa hipótese, mas as máscaras de chumbo não combinavam com a situação e nem o estranho bilhete. A hipótese de uma terceira pessoa indicava que ela teria dirigido a "pesquisa", mas não teria participado.

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Élcio Correia Gomes. Reprodução/Cabana do terror

Mais tarde, a Polícia prendeu o amigo Élcio Correia Gomes, espírita, que introduziu os dois radiotécnicos em estranhas e grandiosas experiências. Tempos antes, os três causaram uma enorme explosão, na Praia de Atafona, no Interior do Rio de Janeiro. A explosão foi tão grande e causou um clarão enorme, que a população pensou que estava ocorrendo um terremoto. Esse acidente foi objeto de investigação por parte da Marinha Brasileira. Como a Polícia não encontrou provas contra o Élcio, ele acabou sendo libertado.

Após os jornais terem anunciado com estardalhaço a morte bizarra dos radiotécnicos, a Sra. Gracinda Barbosa Coutinho de Sousa, informou que, na noite de 17/08/66, pouco antes das 20:00 horas, juntamente de seus três filhos, duas meninas e um menino; estavam passando de carro pela Alameda São Boaventura, no bairro Fonseca, quando a filha Denise, de 7 anos, chamou a atenção da mãe para algo no alto do morro. Havia um objeto multicolorido, ovóide, de cor predominantemente alaranjada, com um anel de fogo de onde saíam raios azuis em várias direções. Após a imprensa divulgar esse depoimento, várias outras pessoas tomaram coragem e ligaram para a Polícia informando que também haviam visto o tal objeto luminoso no mesmo local, dia e horário.

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Avistamento de objetos semelhantes ao que Gracinda descreveu. Reprodução/Huffpost

Técnicos em eletrônica fundamentaram a hipótese de que Manoel e Miguel teriam sido mortos por um raio, pois nesse dia chovia muito. Argumentaram que eles estavam em um local alto, com uma máscara de chumbo no rosto. Os corpos teriam sofrido ligeiras queimaduras, as quais só não foram constatadas na autópsia porque as marcas se desfizeram com a decomposição dos cadáveres. Essa hipótese não foi confirmada pelo médico legista.

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Padre Quevedo. Reprodução/portaldoholanda

O Padre Oscar Gonzalez Quevedo, professor de parapsicologia, na época, deu um depoimento ao jornal O Globo, informando que máscaras de chumbo eram usadas em testes mortíferos de ocultismo. Disse que o ocultismo admitia que dos novos mundos emanavam irradiações luminosas, por exemplo, capazes de afetar aquilo a que chamavam de "terceiro olho", e fulminar o experimentador. Daí a necessidade da proteção com as máscaras de chumbo. Nesse tipo de experiência, o experimentador deve ingerir uma quantidade de droga que lhe permita entrar em transe e deve estar em jejum para provocar o desequilíbrio físico e mental. Essas experiências são conhecidas como psigama e hiperestesia. No primeiro caso o experimentador procura liberar a alma para conseguir captações espirituais, e na segunda, os nervos hiperexcitados são o instrumento pelo qual o homem procura sentir aspectos sutis da realidade que o cerca. O Padre Quevedo frisa que para conseguir êxito em qualquer uma dessas experiências, são indispensáveis muitos exercícios e perfeito estado físico.

Caso semelhante

A situação ficou ainda mais complicada quando a polícia descobriu uma morte semelhante a dos radiotécnicos, quatro anos antes. José de Sousa Arêas informou que, em 1962, outro profissional da área – desta vez um técnico de televisão – foi encontrado morto no Morro do Cruzeiro, na localidade de Neves, sem qualquer tipo de violência e com todos os seus pertences. Tal como no caso do Morro do Vintém, também havia junto do corpo uma máscara de chumbo. A vítima desse caso se chamava Hermes e teria ido ao alto do morro para tentar captar sinais de televisão sem o auxílio de um aparelho eletrônico – apenas mentalmente. Arêas disse que ele engoliu um comprimido redondo e morreu porque não estava fisicamente preparado para a empreitada, que oferecia possibilidade de morte. A polícia investigou o caso, mas nada descobriu de concreto sobre ele.

Depois de muita investigação e várias hipóteses levantadas, em 25 de agosto de 1967, praticamente um ano depois, os corpos de Miguel e Manoel foram exumados para ser realizada uma nova série de exames, desta vez, simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas, novamente, nada de concreto foi descoberto sobre a causa mortis.

Reviravolta

Dois anos após, em 1969, houve uma reviravolta nos fatos e o bandido Hamilton Bezani, que se encontrava confinado num presídio de alta segurança em São Paulo, disse que esteve envolvido na morte dos dois radiotécnicos, junto de outras três pessoas. Bezani afirmou que ele e seus comparsas deram veneno às vítimas e roubaram seis milhões de cruzeiros. Ante a essas novas informações, o bandido foi levado a Niterói para novos depoimentos, mas caiu em inúmeras contradições na reconstituição dos fatos – a começar pela importância em dinheiro, a posição dos corpos e detalhes de como foram encontrados. Não seria essa a explicação do mistério...

A polícia chegou à conclusão de que Bezani tinha inventado toda a história para poder permanecer no presídio de Niterói, de onde já tinha fugido duas vezes e vislumbrava uma terceira possibilidade. Bezani acabou sendo devolvido à unidade de alta segurança em São Paulo. Com isso, em maio de 1969, a Justiça arquivou o processo por falta de provas.

Um novo mistério

Mas, o caso ainda não estaria encerrado. Em 1980, um novo mistério agitou o cenário. O matemático e ufólogo francês naturalizado norte-americano Jacques Vallée, que trabalhou para a NASA, veio ao Brasil exclusivamente para pesquisar o incidente e foi ao local em companhia de sua esposa Janine, do detetive Saulo Soares de Souza, do repórter policial Mário Dias, do fotógrafo Alberto Dirma e de um intérprete. Todos subiram o morro e lá ficaram estarrecidos. No local onde foram encontrados os corpos, 14 anos antes, não havia vegetação e estavam demarcadas as silhuetas dos corpos no solo, como se alguém tivesse contornado os mesmos. O terreno apresentava sinais de ter sido calcinado.

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Ufólogo Jacques Vallée. Reprodução/tothestars

O caso assumiu proporções ainda mais misteriosas e atraiu o interesse de muitos outros estudiosos e jornalistas. Em 1997, por exemplo, o repórter Saulo Gomes esteve no Morro do Vintém para fazer uma longa matéria sobre o fato. Ele e sua equipe constataram que no local onde tudo aconteceu não havia ainda crescido qualquer tipo de vegetação. Saulo confirmou ao editor da Revista Ufo, A. J. Gevaerd, que o local parece insólito e macabro. E constatou o que Vallée descobrira ainda em 1980, que o solo encontrava-se calcinado — o que só poderia ser produzido com altas temperaturas. Neste detalhe reside um aspecto muito curioso do incidente. Miguel e Manoel morreram na quarta-feira à noite e só foram retirados do local no domingo pela manhã. Ora, os cadáveres passaram quatro noites e três dias no local, sob chuva e sol fortes, e não foram atacados por nenhum animal predador, nem por ratos ou urubus.

Quando os corpos foram encontrados, evidentemente estavam em decomposição, mas não apresentavam sinais de terem sido atacados. Na época de sua retirada, é claro, ainda não era possível se verificar a morte da vegetação ou calcinamento do terreno. Como se vê, este é um caso extraordinário a nível mundial!

Evidências do caso

Os ternos: Os trajes sugerem que os homens iriam se encontrar com alguém. No entanto, sem conhecer suas roupas usuais, é difícil dizer se iriam de fato.

As máscaras de chumbo: Quanto maior a densidade de um material, maior sua eficiência como escudo contra a radiação. E entre os metais de alta densidade o chumbo é um dos mais baratos, portanto as máscaras de chumbo sugerem que os homens esperavam radioatividade. O problema é que nenhuma radiação foi detectada no local. Existe a possibilidade de o Morro do Vintém não ser o “lugar determinado” e que os homens precisavam de máscaras para irem a outro lugar. Ou, como o Padre Quevedo afirmou, as vítimas estariam realizando alguma experiência de natureza parapsicológica, apesar de não ser claro se foi a experiência em si que provocou as mortes.

Capas de chuva e toalhas: As capas de chuva podem indicar que os dois possuíam de antemão a intenção de se aventurar no morro em meio à chuva e não que foram levados ao local inesperadamente. As duas toalhas reforçam o fato. Isso ou eles leram O Guia do Mochileiro das Galáxias e entendem a importância das toalhas...

Comprovante do vasilhame: Carregar o comprovante ao invés de descartá-lo indica a intenção de voltar ao local para devolver o vasilhame. Isso em si parece descartar a teoria do pacto de morte/suicídio.

As anotações: Aqui está o maior mistério. Com quem iriam se encontrar no local determinado? Eles estavam se encontrando com uma pessoa ou esperando algum evento? Não há como saber. Sobre as cápsulas, não há evidência alguma delas e se eles realmente as tomaram, tampouco o que continham. Nem sequer sabemos se as anotações se referem ao dia das mortes, embora pareça. “Proteger metais” pode referir-se a alguns metais que eles carregavam consigo. “Aguardar sinal máscara”, segundo a polícia, eles esperariam o sinal de alguém para colocar suas máscaras.

OVNI: As luzes avistadas sobrevoando o morro por volta da hora das mortes, apesar de não ser uma evidência forense válida, provocou muitas especulações e adicionou uma "pitada a mais" de mistério no caso. Estariam eles tentando contatar seres de outro mundo? As máscaras de chumbo seriam para se proteger da radiação emitida pelo OVNIS? Mistério!

Ausência de grande parte do dinheiro:  De 2 milhões e 300 mil Cruzeiros iniciais, haviam apenas 161 mil Cruzeiros em posse das vítimas. Como sabemos, eles não compraram carro algum em São Paulo, e mesmo comprando alguns itens, além dos componentes para a loja, isso não explica todo o montante ausente. Teria sido realmente um latrocínio, ou alguém que localizou os corpos antes (inclusive o guarda Antônio Guerra) passou a mão na grana?


No ano de 2004, a série especial de programa "Linha Direta Justiça" exibida pela Rede Globo, retratou o caso das Máscaras de Chumbo. Se quiser confirir, estou disponibilizando o video abaixo:
De qualquer forma, o Caso das Máscaras de Chumbo até hoje continua sendo uma grande incógnita. A Polícia não conseguiu esclarecer o que aconteceu e nem o Poder Judiciário. O primeiro médico legista se recusou a assinar a autópsia (tanto que o nome foi rasurado nos registros). Nenhuma causa de morte foi identificada. Some isso ao descaso total das autoridades...

O que realmente aconteceu? Um latrocínio tão bem elaborado que o culpado saiu ileso de seu crime? Teriam eles sido vítimas de um raio em meio à uma experiência paranormal? Teriam eles sido mortos pela ação de um OVNI?

Não apenas as circunstâncias da morte desconhecidas, mas as estranhas instruções e as BIZARRAS máscaras de chumbo elevam esse mistério para o patamar de um dos maiores mistérios do Brasil, bem como do mundo todo.


ilustração por Nando Bonvento
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