Lendas brasileiras

10 Lendas brasileiras assustadoras

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Uma das seções de mais sucesso do Zona 33 são as lendas brasileiras. Apesar do nosso folclore normalmente ser retratado com ilustrações infantis e figuras caricatas, não podemos esquecer que existem muitas figuras sombrias e assustadoras nele que dariam um ótimo roteiro de terror.
Seguindo essa linha, conheça 10 lendas brasileiras de deixar os cabelos em pé.

10. Boca de ouro

Fantasma/zumbi boêmio
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem via sombrasdorecife
O Boca de ouro é um ser misterioso que, sob as vestes de boêmio, esconde um misto de zumbi e demônio. Gilberto Freyre cita, no livro “Assombrações do Recife Velho”, que essa visagem não era exclusiva do Recife, tendo também sido registrada em outras cidades do Brasil. É uma assombração cujas primeiras aparições datam do início do século XX. Nas horas mortas, o Boca de ouro é visto ao longe, caminhando lentamente e fumando um cigarro. Veste sempre um paletó branco, sapatos bem engraxados e usa chapéu tipo “Panamá” – uma figura que lembra o “Zé Pilintra”, entidade cultuada pela Umbanda.

Ele aborda caminhantes solitários que vagam pelas ruas desertas e sempre pede fogo a esses desavisados – gente que sai de festa ou de barezinhos da moda do Bairro do Recife, por exemplo. Tendo ou não fósforo (ou isqueiro) para oferecer, a vítima toma um grande susto quando percebe que o boêmio misterioso tem a cara carcomida de um cadáver apodrecido e exala um forte cheiro de enxofre.

Quando a pessoa sai correndo, o zumbi solta uma tenebrosa gargalhada e exibe sua bocarra cheia de dentes de ouro. E não adianta fugir: quando a vítima chega às carreiras à outra esquina (ou encruzilhada), o malassombro está lá, soltando outra risada medonha. Esse pesadelo se repete, esquina após esquina, ao longo de toda a rota de fuga, até que o coitado caia desfalecido pelo pânico e pela exaustão.

Na amanhã seguinte, é encontrado desmaiado na calçada. Socorrido pelos passantes, conta como foi seu insólito encontro com o Boca de ouro. Claro que quase ninguém acredita e o sujeito é avaliado como pinguço ou mesmo como doido.

Ao que parece, o Boca de ouro prefere atormentar homens que buscam aventuras ou estão simplesmente perdidos na noite. Nunca é visto por um grupo amigos ou um casal a caminhar pelas ruas num passeio noturno.
Talvez seja a alma penada de um malandro que cometeu todos os pecados da boemia; namorou muitas mulheres, apostou todo dinheiro em jogos de azar e bebeu além da conta. Ou talvez seja a encarnação de um espírito maligno, que tanto fascina com seu figurino impecável e seus dentes de ouro, quanto provoca repulsa com sua face pútrida de defunto insepulto.


09. Labatut

De General à monstro peludo
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem via Irmandadedosvampiros
Segundo conta o folclore nordestino, o Labatut é uma criatura eterna que mora no fim do mundo, e todas as noites percorre as cidades para saciar sua fome. Fome de comer gente, é claro.

Conhecido na região da Chapada do Apodi, na divisa entre o Ceará e o Rio Grande do Norte, o Labatut possui uma forma humanoide com o corpo coberto de pelos, pés redondos como de elefante, mãos compridas, e cabelos longos e desgrenhados. Ele possui apenas um olho na testa e seus dentes são similares aos de um javali, só que maiores. Os nativos da região consideram o Labatut uma criatura pior que o Lobisomem, a Caipora e o Cão Coxo.
Conta-se que ele percorre as cidades durante a noite, afim de saciar sua fome, que é enorme. O seu caminhar é acompanhado por uma ventania. Ele perambula atento a  qualquer som ao seu redor, e se alguém sussurrar, já é o suficiente para o Labatut encontrar e devorar o mesmo. No entanto, o que o Labatut gosta mesmo é de devorar crianças, devido ao fato delas terem a carne mais macia que a dos adultos.

Acredita-se que a figura do Labatut se originou das horríveis lembranças que os nativos da região tinham da atuação do general francês Pedro Labatut, que esteve no Ceará entre junho de 1832 e abril de 1833 reprimindo a ação de revoltosos contrários a unificação do país, durante a Guerra de Independência do Brasil. Conta-se que esse lendário general era extremamente violento e cruel, e não poupava seus adversários e opositores. Fuzilou muitos homens e mulheres de forma banal, e em virtude de incontrolável crueldade, acabou revoltando até o exército.
Pouco se sabe sobre a vida de Pedro Labatut antes da sua vinda ao Brasil, a convite de D. Pedro I e José Bonifácio, para formar e comandar o Exército Pacificador durante a Independência do Brasil na Bahia. Veterano do exército napoleônico, existem relatos de sua participação nas guerras de Independência da América Espanhola, quando recebeu a alcunha de “Pirata do Caribe”.

Reza a lenda que da crueldade de Pedro Labatut surgiu um demônio de mesmo nome, o qual percorre o mundo com fome insaciável por carne humana, assim como Pedro era insaciável por cometer atos de crueldade.


08. O Turco que come criança

Espécie de bicho papão
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem ilustrativa. Editado do original/rtve
O "Turco que come criança" ficou em nossa tradição popular como um duende, do tipo do Saci, do Caipora, etc. Ele é  uma espécie de bicho papão, com crença generalizada em todo o estado de São Paulo, porém fortemente achegada a cidade de Piracicaba.

Contam que, antigamente, os primeiros turcos mascates que apareceram, furtavam crianças para comer. Essa crendice acredita-se ser atribuída aos nossos matutos e dá-se desculpas a eles que, cismados por natureza, logo de cara não simpatizaram com esses civilizados e cultos orientais, vindos de tão longe, de Língua tão estranha e, consequentemente (na ideia dos matutos) capazes de tudo.

Diz-se que a crença era tão sólida que, com os corriqueiros desaparecimentos de crianças, até surgiram, de pais aflitos, queixas à policia contra os turcos "antropófagos". Essas queixas estão noticiadas em antigos jornais da época.

Ainda hoje é comum, principalmente na região de Piracicaba, certas mães ameaçarem os filhos com a aparição do "turco que come criança", da mesma maneira que as mães antigas os ameaçavam com a Cuca ou o Lobisomem. E isso sana qualquer desobediência, reinação ou falta de sono... pelo menos até algum tempo atrás funcionava.

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07. Adriano lobo

Lobisomem do interior paulista
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Fonte desconhecida/deviantart.
Essa história é bem famosa na região de Águas da Prata - SP, próxima da divisa com Minas Gerais. Conta-se que por volta da década de 1930, em uma fazenda nas redondezas de Águas da Prata/São Roque da Fartura, morava um rapaz que se chamava Adriano, juntamente com sua mãe viúva.
A mãe de Adriano, era uma senhora com uma idade já avançada, sempre cuidava de seu filho e dos afazeres da fazenda, pois teve com idade avançada seu único filho e com a morte prematura de seu marido na Primeira Grande Guerra, assumiu todas as responsabilidades.

Adriano não era o tipo de filho modelo, pois era muito nervoso e agressivo, não se importava com sua mãe e nem com sua fazenda, apenas gostava de fazer o que lhe desse prazer, sair nas noites para beber, jogar e se divertir com mulheres.

Certa noite, em Águas da Prata, haveria uma grande festa, com bebidas, jogos e muita “diversão”. Adriano ficou todo animado com essa festa, mas sua mãe não estava de acordo, e os dois discutiram muito.
Adriano deu ordem aos empregados de sua fazenda para selar um cavalo enquanto ele fosse tomar banho e se arrumar para a festa. Sua mãe, tomada por um desespero de ver que seu filho iria mesmo à essa festa, foi e soltou todos os cavalos da fazenda, e dessa forma, impediria que seu filho fosse à tal festa.

Quando Adriano acabou de se arrumar, foi pegar o cavalo para sair mas não o encontrou. Aliás, não encontrou nenhum. Com muita raiva, o rapaz voltou para casa e perguntou para sua mãe o que havia acontecido, e ela acabou por contar a verdade.
Com toda ira do mundo ele agrediu sua mãe verbalmente, a jogou no chão, a fez ficar de quatro e colocou uma sela em suas costas, subiu em cima e fez com que ela o levasse dessa forma até onde era o local da festa.

E assim, quando chegaram ao local da festa, sua mãe completamente esgotada, muito machucada e moribunda, lhe jogou uma praga antes de falecer: “Todas as noites de lua cheia, como esta de hoje, você vai se transformar em um animal.”

Depois que Adriano ouviu a praga lançada por sua mãe e a viu morrer, saiu correndo mata adentro e desapareceu. Desse momento em diante, Adriano nunca mais foi visto - pelo menos não na forma humana.

Após a fatídica noite, em noites de lua cheia, as pessoas começaram a ouvir uivos e repararam no sumiço de animais de suas fazendas; passaram a encontrar animais mortos com mordidas enormes e aos pedaços.
Houveram muitos relatos de moradores que avistaram um grande animal bizarro em forma de lobo, nas noites de lua cheia.

Com todos esses acontecimentos e relatos, chegaram a conclusão que só poderia ser o Adriano, e desse dia em diante, a tal criatura passou a ser chamada de "Adriano lobo". Muitos relatos de ataques de lobisomem e gado estripado na região tem sido atribuídos ao tal do Adriano lobo, eu mesmo já ouvi muitas histórias (cresci em uma cidade da região), mas são causos para outra hora...


06. Mimirã

O terror dos cubículos
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem ilustrativa/Mama (2013)
Em Roraima existe uma lenda urbana muito famosa. Dizem que uma criatura magra, branquela e desengonçada aterroriza pessoas que trabalham em ambientes fechados. Seu nome, no dialeto dos índios macuxi, é Mimirã, que se traduz em algo como "Louco babão" — o terror dos funcionários de TI, se é que me entendem.

Existe uma história que conta que em um certo dia um funcionário estava em sua sala trabalhando tranquilamente, quando de repente, sem mais nem menos, apareceu uma criatura alta e magra, bem desmilinguida. Ele ficou paralisado olhando para o ser desengonçado, sem reação, esperando o que iria acontecer. De repente o ser mórbido lhe sussurrou algumas palavras ininteligíveis, vasculhou os papéis que estavam sobre sua mesa e saiu atravessando a porta. Depois disso ele não teve mais sossego. Todo dia fica apreensivo, na expectativa de que Mimirã reapareça.

A lenda macuxi diz que o Mimirã é um fantasma de um ancestral renegado pelo seu povo que foi expulso da sua comunidade depois de perturbar a todos com sua loucura. Dizem que ele aparece em locais fechados pois foi criado confinado e isolado e acha que todo local fechado lhe pertence.

Você aí pensando que não estava fácil trabalhando em um cubículo apertado, tendo que resolver mil fumos diferentes... Já pensou se você recebe uma visita do Mimirã?


05. A Mulher de 7 metros

Assombração gigante de Minas
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem via Colecionador de Sacis/YouTube
Essa é uma lenda muito comum na região da divisa de Goiás com Mi­nas Gerais. A Mulher de Sete Metros ou a Mulher Branca, de longe parece uma mulher comum, mas quando a pessoa vai se aproximando, percebe-se que ela é grande e continua crescendo, se tornando enorme. E mais: que ela não é uma mulher, mas sim “uma coisa de outro mundo”, como conta Antônio César, do Instituto de Pesquisa em Estudos Históricos do Brasil Central.

Segundo ele, a Mulher Branca era uma aparição recorrente em Itaberaí - GO, e os relatos sobre ela remontam ao século 19, segundo pesquisa que ele fez na região. “Dizem que o padre da cidade a viu puxando a corda do sino da igreja”, disse ele. Algo que a aparição talvez faça até hoje.

Em Montes Claros - MG, a assombração também dá as caras. Na cidade contra-se que a aparição da mulher era tão grande, mas tão grande que o ônibus de lotação conseguiu passar por baixo das pernas dela. A mulher de sete metros costumava aparecer em uma ponte, e assombrou a cidade principalmente nos anos 70.

Mas por que 7 metros? Alguém usou uma fita métrica para medir a assombração? Boa pergunta, mas o que se conta é que algumas testemunhas que se depararam com a mulher não conseguiam nem ver a cabeça dela, de tão grande. Então meu palpite é que o 7 é uma forma de dizer que ela é "bem" grande.


04. O Espantalho premonitório

Lenda do Rio Grande do Sul
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem via wideopencountry
Esta lenda se passa na região rural de Ibirubá, no estado do Rio Grande do Sul. Seu Antônio ficou sabendo que a fazenda vizinha foi vendida para uma família distinta: um casal com cinco filhos. Já no começo ele notou que estes vizinhos eram muito trabalhadores, pois arrumaram a roça e colocaram um espantalho muito bonito no meio da plantação.

No primeiro dia Seu Antônio ficou admirando e viu que jorrava sangue daquele boneco. Então ele se aproximou e o sangue desapareceu. Desta forma o homem pensou que se tratava apenas de uma ilusão de ótica.
No segundo dia, no caminho de casa, Seu Antônio resolveu observar o espantalho do vizinho novamente. Tudo estava indo bem, até quando a cabeça do espantalho caiu. Então o homem levou um susto e saiu correndo.
No terceiro dia, Seu Antônio viu que tinham colocado a cabeça do espantalho no seu devido lugar. Desta forma ele continuou admirando o boneco. Quando percebeu que no lugar do espantalho surgiu uma pessoa sangrando, ele aproximou-se novamente do boneco e viu que se tratava apenas de um espantalho e que aquilo só poderia ser ilusão de ótica de novo.

No dia seguinte Seu Antônio viu que haviam muitos carros da polícia na estrada. Então, no caminho, ele avistou um homem sangrando no lugar do espantalho. Quase não acreditando no que via, seu Antônio se aproximou e reconheceu o rosto do seu vizinho. Os policiais comentaram que o homem havia sido assassinado a facadas e seu corpo tinha sido colocado no lugar do espantalho.

Barbaridade, tchê!

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03. Maria degolada

Aconteceu em Porto Alegre
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Retrato de Maria Francelina Trenes.
Essa é a história de Maria Francelina Trenes, 21 anos, nacionalidade alemã, e Bruno Soares Bicudo, 29 anos, que servia na Brigada Militar gaúcha. Bruno nutria um grande amor —quem sabe até doentio— por sua namorada, a Maria.

No dia 12 de novembro de 1899, quatro soldados do 1° Regimento de Cavalaria da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, encontrando-se de folga e por ser um domingo, em plena estação primaveril; acompanhados de outras tantas mulheres, resolveram aproveitar o dia para os “prazeres de um piquenique”. Escolheram para local o Morro do Hospício (onde hoje é o bairro Partenon) nas proximidades da Chácara das Bananeiras, onde serviam.

No dia em questão todos compareceram acompanhados de suas respectivas namoradas e iniciaram uma bela festa. Entretanto, ninguém imaginava que ela acabaria em tragédia.
Em um determinado momento Bruno começou a agir de forma estranha. Os amigos relataram que ele começou a falar coisas desconexas. Seu olhar mudou e se voltou à Maria. Logo eles iniciaram uma pequena discussão na frente de todos. Envergonhada pela situação, Maria o chama para longe dos amigos e tenta resolver a briga.

O tempo passa e os amigos começam a estranhar a demora do casal e partem a procurá-los. Eis que, a cena que encontram, não poderiam imaginar nem nos seus piores pesadelos.
Perto de uma grande figueira, jazia o corpo de Maria Francelina. Com a garganta cortada e toda ensanguentada, seu corpo ainda se debatia. Ao seu lado estava Bruno, segurando uma faca ainda apresentando o olhar estranho de antes.
Seus amigos, que também eram soldados, tentaram desarmá-lo sem sucesso. Temendo por suas vidas, acabaram chamando reforços. Ao ver que a prisão era inevitável, Bruno tentou ainda suicídio, mas foi imobilizado e levado para a prisão do quartel.

Já preso, Bruno clamava que nada lembrava do ocorrido. Seus esforços em se livrar da pena foram em vão. Foi condenado a 30 anos de prisão onde acabou falecendo 7 anos depois.
Os motivos de sua morte também são controversos. Alguns afirmam que ele foi assassinado por outro interno. Outros relatam que sua morte foi devido a complicações renais.

Pouco tempo depois da morte de Bruno, um forte vendaval assolou a região e a figueira onde o corpo de Maria foi encontrada foi arrancada com raiz e tudo. Os moradores da região construíram uma pequena capela no local em homenagem à Maria, que passou a ser conhecida como Maria Degolada.

Com o tempo, começaram a aparecer relatos de pessoas que fizeram "pedidos" à Maria e foram atendidos. Ela começa a tomar status de "santa" e atrai os mais variados tipos de devotos.
Conta a lenda que, um belo dia, um policial visitou a capela e fez um pedido para Maria Degolada. Queria conquistar uma antiga paixão. Ao sair do local e descer o morro, ele foi brutalmente assassinado por um interno que havia escapado do Hospital psiquiátrico.

Foi quando ficou claro as regras da "santa". Ela atende todos os pedidos de seus devotos... Com exceção de policiais!!!

Posteriormente, uma sessão espírita foi conduzida no local e Maria manda uma mensagem a todos. Ela não queria ser conhecida como Maria Degolada e sim pelo seu verdadeiro nome. Então batizaram o local como "Maria da Conceição" (Não me perguntem por que "Conceição"...Só sei que foi assim!).

A lenda da Maria Degolada inspirou também um sincretismo com a lenda da Loira do Banheiro (que como todos sabem, é a versão brasileira da Bloody Mary). Se você disser seu nome 3 vezes em frente ao espelho, ela aparecerá e o convidará para um piquenique. Sério.

Hoje o bairro é palco de guerra entre traficantes e a polícia militar... e se a Maria Degolada não está do lado dos policiais... Já viu!


02. Romãozinho

Saci goiano
Lendas urbanas assustadoras do Brasil
Imagem via scottlinke
Essa seria uma espécie de versão goiana do Saci. O Romãozinho é um espírito malvado que aparece sob a forma de uma criança feia e deformada que vem para fazer travessuras e gerar o caos.

Conta-se que o menino, filho de um humilde agricultor, mesmo quando era apenas um bebê, já demonstrava sinais de ruindade extrema. Antes mesmo de aprender a falar, Romãozinho mordia quem colocasse a mão em seu rosto, assim como mordia o peito de sua mãe, quando a mesma tinha que o amamentar. Já maior, na infância, sempre gostou de maltratar os animais, destruir plantas e prejudicar as pessoas.

Certa vez, sua pobre mãe mandou-o levar o almoço ao pai, que trabalhava longe de casa, na roça. Ele foi de má-vontade (nunca foi de seu feitio fazer nada que não ganhasse algo em troca). No meio do caminho, ele comeu a galinha que era destinada a ser o almoço de seu pai, colocou os ossos na marmita e levou-a assim mesmo. Quando o pai viu só ossos ao invés da galinha assada, ele perguntou o que aquilo significava. Romãozinho, maldosamente, disse: “Deram a mim a comida já assim… Eu penso que minha mamãe comeu a galinha com o homem que vai sempre à nossa casa quando o senhor sai para trabalhar e enviou-lhe somente os ossos como deboche do senhor”.

Enlouquecido de fúria e ódio, o homem voltou correndo para casa, não deu nem ao menos tempo para a mulher desmentir o filho, puxou o punhal e a matou ali mesmo. E Romãozinho, mesmo testemunhando a morte da mãe não desmentiu o que havia falado para o pai. E enquanto a mãe agonizava no chão, o menino ainda ria dela e de como havia sido esperto enganando a todos. Mas antes de morrer, a mãe amaldiçoou o filho, dizendo: “Você não morrerá nunca! Você não conhecerá o céu ou o inferno, nem repousará enquanto existir um vivente sobre a terra! Seu tormento será eterno!”

Romãozinho não se intimidou, riu mais uma vez ante a maldição e foi embora. Vendo o mal que havia feito e de como tinha sido enganado, o pai se suicidou. Desde esse dia, o menino nunca mais cresceu, e dizem os populares que ele costuma andar pelas estradas e fazer travessuras com os coitados que possuem o azar de cruzar com ele. Tem por hábito quebrar as telhas das casas a pedradas, assustar os homens e torturar as galinhas.

Mas algumas pessoas também atribuem a ele coisas boas. Há uma história que diz que uma mulher grávida estava sozinha quando entrou em trabalho de parto, e no desespero chamou por Romãozinho, e este atendeu ao chamado, foi à casa da parteira que depenava uma galinha. Conta a mulher que a galinha de repente saiu da sua mão voando. A parteira saiu correndo atrás e a galinha foi jogada na casa da mulher que estava em trabalho de parto.

A lenda do Romãozinho é bastante conhecida no leste da Bahia, em toda Goiás, parte do Mato Grosso e também no Maranhão.Conta-se que os primeiros relatos desse mito são do distrito de Boa Sorte, município de Pedro Afonso, em Goiás, que faz fronteira com o Maranhão, e dataria do século XX.

Existem diversas versões sobre a história de Romãozinho. Em algumas ele teria matado o pai de susto, já em outras, sua mãe teria vivido e amaldiçoado o filho posteriormente à morte do pai. Existe ainda uma versão em que dizem que o menino também vira uma tocha de fogo que fica indo e vindo pelos caminhos desertos. Já outros, dizem que ele seria o próprio Corpo Seco. Nesta versão, a alma do menino seria tão ruim, mas tão ruim, que nem o céu nem o inferno o quiseram, por essa razão ele vaga pelo mundo assustando as pessoas.


01. Encourado

O Vampiro brasileiro
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Imagem ilustrativa. Arte original por Valentrisrrock
Se existe uma versão brasileira do vampiro, essa seria o Encourado. Segundo Nina Balle, "no nordeste brasileiro, conta-se a história do Encourado, um homem de hábitos noturnos que se veste completamente de couro preto, sendo que estas roupas cheiram a sangria. A presença do Encourado inspira medo e respeito. Ele só entra nas casas em que for convidado, no entanto, ele consegue arrumar artifícios para ser convidado. Segundo as lendas, ele tem preferência por pessoas que não frequentam a igreja, além do que ele sabe de antemão quem são estas pessoas. Assim, ao chegar num povoado, ele já tem em mente quem primeiro procurar. Por onde ele passa, as galinhas param de botar ovos e não comem direito. Os cachorros não saem de casa e gemem o dia inteiro. Até mesmo os urubus e carcarás, que são aves carniceiras, desaparecem para bem alto e longe.

Ao pressentir a presença do Encourado, os moradores costumam sacrificar algum animal, pois acreditam que feito isso ele irá embora. Conta-se que no passado haviam sacrifícios de pessoas indesejáveis, como criminosos e até mesmo de crianças. Entretanto, diz-se que basta simplesmente oferecer uma galinha preta ou um galo vermelho para afugentá-lo sem contudo ofendê-lo. A oferenda, no entanto, deve ser pendurada na entrada principal da cidade, pois o Encourado só entra pela porta da frente."


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