Guerra de Lijar
Este
“conflito” começou em 1883, quando o rei espanhol Alfonso XII estava de
visita a Paris e foi insultado e atacado pela população local. Apesar do
incidente não ter abalado as relações entre Madrid e França, os
moradores da pequena vila de Lijar, no sul da Espanha, ficaram
revoltados e declararam guerra contra Paris. No dia 14 de outubro, com o
apoio de 300 moradores, o prefeito Don Miguel Garcia Saez, assinou um
documento no qual declarava suas hostilidades ao governo francês.
Rapidamente
o prefeito foi aclamado por sua coragem em desafiar uma das potências
militares da época, sendo reconhecido como “O Terror das Sierras”.
A França,
porém, ignorou as rivalidades. Durante os 93 anos do conflito, nenhum
disparo sequer foi dado entre os dois lados, até porque os rivais
estavam separados por mais de 800 km de terras e a ameaça do vilarejo
soou insignificante para os franceses. O desfecho do conflito só se deu
em 1981, após a França enviar um diplomata para Lijar, atendendo aos
apelos do prefeito Diego Sanchez Cortes, que optou por um cessar-fogo
graças à boa recepção dos franceses ao então rei da Espanha, Juan
Carlos.
Guerra do Barril de Carvalho
A Guerra
do Balde ou Guerra do Barril de Carvalho, como ficou conhecida, teve
início em 1325, quando soldados da cidade-estado de Modena, no norte da
atual Itália, invadiram Bologna, uma cidade-Estado vizinha, e levaram
consigo um barril de carvalho.
Furiosos,
os soldados de Bologna logo declaram guerra a Modena como forma de
restaurarem sua dignidade e recuperarem o tal barril.
Apoiados
pelo Sacro Império Romano-Germânico, os Modeneses encontraram-se com os
Bologneses, apoiados pelo então Papa João XXII, em Zappolino, onde
travaram uma sangrenta batalha.
O saldo da
guerra foi cerca de 2 mil mortes, com perdas iguais tanto para
Modeneses quanto para Bologneses. Mesmo estando em menor número (7 mil
soldados contra 32 mil), Modena venceu o conflito e permaneceu com o
barril, que continua até hoje exposto em sua Torre do Sino.
Guerra de Zanzibar
Era agosto
de 1896 e Khalid bin Bargash assumia o poder do arquipélago de Zanzibar
após a morte do Sultão Hamad bin Thuwaini. Os britânicos, então
colonizadores do território, deram um ultimato para que Khalid
desistisse do trono em favor de seu rival, Hamud bin Muhammed, um aliado
do Império Britânico. Para os ingleses, Khalid representava uma ameaça
ao poder inglês na região, já que tomava uma posição mais agressiva em
relação aos colonizadores.
Khalid, no
entanto, não cedeu às pressões e, às 9 horas do dia 27, com o término
do ultimato, os ingleses começaram a invadir o Palácio Real de Zanzibar.
Em poucos minutos, os mais de 2.800 soldados Zanzibaris seriam
neutralizados por ataques aéreos disparados pelos britânicos, que, às 9h
e 45 minutos do mesmo dia, abateram a bandeira do Palácio e colocaram
Hamud no poder.
Khalid
fugiu para a Alemanha, onde obteve asilo político, enquanto os
britânicos destituíram o status de estado soberano do arquipélago e
expandiram seu domínio sob a região com o apoio do Hamud. Foi a guerra
mais curta de toda a história.
Guerra do cão perdido
Tudo começou em 1925, quando um soldado grego corria atrás de seu cão e acabou ultrapassando a fronteira entre a Bulgária e a Grécia. Os soldados búlgaros que guardavam a fronteira não hesitaram e atiraram no rapaz, matando-o.
Os dois países, no entanto, já não mantinham boas relações desde a Primeira Guerra Mundial e o ataque das tropas búlgaras gerou revolta entre os gregos, que não aceitaram os pedidos de desculpa dos oficiais búlgaros.
A Grécia ordenou a punição dos responsáveis, um pedido de desculpas oficial e 2 milhões de francos, como forma de indenização pelo ocorrido. Para pressionar o governo da Bulgária, os gregos ainda invadiram Petrich (cidade onde ocorreu o incidente).
Mas a Bulgária rapidamente apelou para a Liga das Nações intervir no conflito, que deu um ultimato à Grécia em favor dos búlgaros. Com um saldo de mortos entre 50 e 120, a maioria de civis búlgaros, a guerra terminou após as pressões internacionais, que condenaram os gregos a pagarem £ 45 mil (cerca de 172 mil reais) em indenizações à Bulgária.
Guerra da falta de comunicação
Em 1808,
James Madison foi o grande vencedor das eleições presidenciais nos
Estados Unidos, num momento de tensão entre o país e a França e o Reino
Unido.
Madison,
com a intenção de encerrar as tensões, rapidamente removeu o Ato do
Embargo, permitindo que outros países fizessem comércio na costa do
país. Com o anúncio, os problemas com os franceses cessaram, porém, o
Reino Unido não se mostrou satisfeito e continuou atacando embarcações
norte-americanas e instigando índios a atacarem vilas e cidades dentro
do próprio território dos Estados Unidos.
A
surpresa, porém, viria em junho de 1812, quando os britânicos decidiram
revogar as leis que permitiam os ataques aos navios. Entretanto, como as
telecomunicações da época eram pouco desenvolvidas, a informação
demorou muito para cruzar o Atlântico e, coincidentemente, 2 dias após o
anúncio da Inglaterra e sem saberem da decisão tomada pelos britânicos,
os Estados Unidos declaram guerra ao país.
O conflito
durou 2 anos e 8 meses, não alterou nada na estrutura dos Estados
Unidos ou do Reino Unido e poderia ter sido evitado se as
telecomunicações já tivessem se desenvolvido.
Guerra do porco
A guerra
do porco foi um conflito entre o Império Britânico e os Estados Unidos,
na disputa pelas Ilhas San Juan, situadas entre o território estadunidense e
canadense. As pequenas ilhas haviam ficado de fora do tratado de 1846,
que definia até onde ia o território do Canadá (na época, parte do
Império Britânico) e o território dos Estados Unidos.
Em meio à
disputa não resolvida, tanto americanos quanto britânicos começaram a
ocupar a região, com destaque para a inglesa Hudson’s Bay Company.
O conflito
teve início 13 anos depois do tratado, em 1859, quando um americano,
Lyman Cutlar, atirou e matou um porco que há algum tempo estava
invadindo sua casa para roubar tubérculos. Cutlar, no entanto, não sabia
que porco pertencia à Hudson’s Bay.
A empresa
exigiu de Cutlar uma indenização, cuja o homem se recusou a pagar. Com
isso, as autoridades britânicas ameaçaram prendê-lo, o que despertou a
fúria das tropas americanas, que se posicionaram como forma de defender o
território e a dignidade do cidadão.
Apesar das
tensões, nenhuma bala foi disparada por nenhum dos lados, que meses
depois decidiram negociar pacificamente uma resolução.
Guerra dos 335 anos
Além de ter sido um das mais longas da história, a Guerra dos 335 anos não teve nenhuma casualidade.
O conflito
ocorreu entre a Holanda e as Ilhas Scilly, localizadas na região sul do
Reino Unido, por motivos pouco esclarecidos. Em 1651, tropas holandesas
atracaram na Ilha pedindo uma indenização pelas baixas sofridas durante
a Guerra dos Oitenta Anos (1568-1648), já que a marinha holandesa
esteve sob domínio dos beligerantes conhecidos como “realistas”, que
residiam nessas ilhas.
Sem um acordo, os navios retornaram aos Países Baixos e declaram guerra aos realistas.
Na
ausência de uma ofensiva comandada pelos dois lados, o conflito
existente logo caiu no esquecimento e só foi oficialmente finalizado em
1986, com um tratado de paz assinado entre o Reino Unido e os Países
Baixos. O embaixador neerlandês, Rein Huydecoper ainda brincou após
assinar o tratado, dizendo que deveria ter sido apavorante para os
moradores da ilha terem passado mais de 300 anos “sabendo que poderiam
ser atacados a qualquer instante”.
Guerra do futebol
O ano era
1969 e as relações entre Honduras e El Salvador não eram as melhores.
Para piorar a rivalidade, os dois países se enfrentaram nas semifinais
das eliminatórias da Copa de 1970.
Ao
chegarem em Honduras, os jogadores de El Salvador foram hostilizados
pela população local, que atiraram pedras nas janelas dos hotéis e
criaram todo tipo de barulho para não deixa-los dormirem.
No outro
dia, Honduras venceria a partida por 1 a 0, deixando os salvadorenhos
perplexos. Um jovem de 18 anos chegou a se suicidar por causa da
derrota.
Em
resposta, os moradores de El Salvador fizeram o mesmo com os jogadores
hondurenhos no jogo de volta, disputado na capital San Salvador, e os
funcionários dos hotéis chegaram a servir comida podre aos estrangeiros.
A tensão
entre os países só aumentava e, no dia 26 de junho, após a partida
decisiva entre os dois times na Cidade do México, o governo de El
Salvador cortou todas as relações diplomáticas com o governo de
Honduras, a quem chamou de “genocida”. 18 dias depois, El Salvador
começou a bombardear Honduras deixando dezenas de feridos, num conflito
sangrento que durou 4 dias e só terminou após a intermediação da
Organização dos Estados Americanos (OEA) no conflito. Na bola, El
Salvador ficou com a vaga.
Guerra da Moldávia-Transnístria
Este
conflito teve início após a queda da União Soviética, quando a Moldávia
estava divida entre pessoas que desejavam uma maior aproximação com a
Rússia e pessoas que desejavam uma maior proximidade com a Romênia. Sem
chegarem num consenso, os dois lados começaram a brigar entre si,
eclodindo uma guerra.
O que
chama a atenção, porém, eram os laços de amizade mantidos entre os
soldados inimigos, que costumavam se reunirem em um território neutro
todas as noites para beberem e conversarem, enquanto durante dia estavam
no campo uns contra os outros. Alguns chegaram a fazer pactos de
solidariedade, para não atirarem caso se vissem durante o conflito.
“Essa
guerra é como uma festa grotesca, durante o dia nós matamos nosso
inimigo, durante a noite bebemos com eles. Como é bizarra essa guerra”,
relatou um deles em seu diário.
Guerra do Emu
Em 1932,
milhares de emus invadiram fazendas no interior da Austrália, em busca
de água e comida. A presença das aves, no entanto, não deixou os
fazendeiros muito contentes, que resolveram atirar com metralhadoras nos
animais.
Ao todo,
foram gastos 10 mil balas, que não conseguiram conter o avanço dos
animais – apesar de não voarem, os emus conseguem correr a uma
velocidade de até 50 km/h, o que tornava impossível acertar todos os
alvos.
Acredita-se
que 20 mil emus invadiram as plantações, sendo que conseguiram abater somente 2 mil deles. Após 7 dias de muita artilharia, o major
Meredith, comandante do conflito, pediu aos fazendeiros que desistissem
do combate, resignando a vitória para as aves.