5 Casos históricos de encontros com o Diabo

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Lúcifer, Satã, Iblis, Belzebu — estes são apenas alguns dos muitos nomes usados ​​para descrever o arqui-inimigo demoníaco da humanidade. Uma figura demoníaca que aparece através da história por culturas de todo o mundo. Se tal ser monstruosamente maligno realmente existe é um contínuo motivo de debate. No entanto, a marca infernal que o Diabo deixou nas lendas e folclores da humanidade é indiscutível. Muitos desses descrevem encontros com a besta. Como tal, aqui estão cinco encontros históricos com o Diabo.

05. Richard Cabell

Richard Cabell viveu durante os anos 1600 e era o escudeiro da Brook Manor em Devon, Inglaterra. Ele era considerado um homem monstruosamente mau: uma figura das trevas que possui registros em lendas locais como tendo espancado e abusado de sua esposa, até que em uma noite ela conseguiu escapar, fugindo pelos campos com o marido em seu encalço. Dizem que ele finalmente alcançou a infeliz mulher, assassinando ela e seu fiel cão. Reza a lenda que o fantasma desse leal canino assombrou Cabell pelo resto de sua vida.

A razão para a escuridão do escudeiro, no entanto, dizia-se estar em um acordo que ele fizera com o Diabo.

Concedida a imortalidade pela Besta, Cabell saindo tocando o terror, criando um legado tão infame que ele mais tarde viria a fornecer a inspiração para o "Cão de Baskervilles" de Sir Arthur Conan Doyle.

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A Tumba de Richard Cabell. Créditos: Folklore Tapes

No entanto, a vida eterna não era para ser dele. Cabell morreu em 5 de julho de 1677 — com alguns dizendo que ele foi caçado até a morte por um bando de cães do inferno, empenhados em vingar-se. Na noite de seu enterro no túmulo da família, diz-se que este mesmo bando de cães fantasmagóricos veio latindo pela charneca para uivar em seu túmulo. A partir de então, no aniversário de sua morte, o fantasma infernal de Richard Cabell pôde ser visto espreitando os pântanos e a área em torno de seu local de descanso final.

Apavorados com a figura sombria e sua conexão diabólica, a população local construiu barras de ferro ao redor do túmulo do escudeiro e colocou uma enorme laje de pedra em cima do túmulo. No entanto, mesmo depois de tomar tais precauções, alguns ainda relatam um estranho brilho vermelho que emana através das barras de ferro. Alguns até afirmam que, em certas noites, toda uma multidão de criaturas demoníacas se reúne em seu túmulo, tentando recuperar a alma prometida para seu mestre.


04. São Dunstano

No século X, o destino religioso da Inglaterra foi salvaguardado por Dunstano, um clérigo piedoso e caridoso que ocupou muitas posições eclesiásticas importantes ao longo de sua vida. Na época de sua morte, em 988, Dunstano serviu como arcebispo de Canterbury e reformara a vida monástica na Inglaterra, além de ser um artista qualificado, harpista e metalúrgico. Não só isso, foi dito que Dunstano protegeu a Inglaterra do próprio Diabo.

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Capela Monástica 1920, Mosteiro da Cruz Sagrada, West Park, Nova York. São Dunstano em forma de vitral. | Wikimedia

Segundo a lenda, Dunstano encontrou o diabo inúmeras vezes. O mais famoso desses encontros ocorreu enquanto ele vivia como eremita em um cômodo em Glastonbury. Como um talentoso metalúrgico que ele era, Dunstano ocasionalmente aceitava encomendas. Uma tal encomenda veio de um homem idoso, que apareceu em sua janela perguntando se Dunstano faria um cálice para ele. Concordando, Dunstano começou a trabalhar na peça. No entanto, quando ele olhou para o reflexo de seu trabalho, ele percebeu que seu visitante havia mudado: em um momento ele era o velho, no seguinte era um menino, depois uma mulher.

Foi então que Dunstano percebeu que seu visitante era o Diabo.

Escondendo sua aflição, Dunstano continuou a elaborar o cálice. Ele pegou a pinça de ferreiro e a moveu para o fogo. Uma vez que ela estava em brasas, ele a tirou das chamas, virou-se e agarrou o diabo pelo nariz com a pinça. Apesar da luta e gritos do demônio, Dunstano calmamente expulsou a fera de sua oficina.

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Inicial da vida de Dunstano, no Canterbury Passionale, mostrando São Dunstano agarrando o diabo com a pinça de ferreiro. | Crédios: British Library’s Catalogue of Illuminated Manuscripts

Em outra ocasião, Dunstano estava sentado em sua oficina tocando sua harpa. Enquanto o santo cantava sua música melodiosa, um “vagabundo” se aproximou. Este era o diabo, mais uma vez com a intenção de enganar o homem santo. No entanto, Dunstano era um homem astuto. Ele mais uma vez agarrou o diabo, dessa vez pegando seu casco diabólico. O santo começou a calçar a besta, pregando furiosamente uma ferradura de metal no casco do Diabo. O diabo implorou e chorou de dor quando Dunstano martelou longos pregos, um atrás do outro. Quando terminou, Dunstan apenas concordou em remover a ferradura e libertar o Diabo depois que prometesse que nunca passaria por uma porta sobre a qual houvesse uma ferradura.

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O demônio fugindo de uma porta protegida por uma ferradura. | Ilustrado por George Cruikshank, em The Horse Shoe, 1871

“Acima do batente, no portal
Certifique-se de que a ferradura é bem pregada com rapidez”


03. A Ponte do Diabo


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Montafon, Áustria | Créditos: Michael Oswald

Quase todo país possui uma lenda de uma "Ponte do Diabo". A este respeito, o estado federado de Tirol na Áustria não é diferente.

A lenda relata que, um dia, uma aldeia no vale de Montafon teve sua ponte varrida por uma torrente avassaladora. Os aldeões estavam justificadamente preocupados, pois dependiam dessa passagem para ir e vir de Schruns, do outro lado do rio, de onde eles negociavam e compravam seus suprimentos. Unindo-se, os aldeões se dirigiram ao carpinteiro local, oferecendo-lhe uma grande quantia de dinheiro se ele reconstruísse a ponte vital em três dias.

O carpinteiro estava incrédulo. O dinheiro que estava sendo oferecido tornaria sua grande família rica. No entanto, ele viu que completar uma quantidade tão grande de trabalho em apenas três dias era uma impossibilidade. Antes de tomar uma decisão, ele implorou aos aldeões por um dia de reflexão.

Durante todo aquele dia, até a meia-noite, o carpinteiro estudou e ponderou, procurando freneticamente uma maneira de reconstruir a ponte no tempo especificado. Irritado e incomodado, ele não encontrou solução. Quando ele estava prestes a desistir e ir para a cama, um homenzinho de chapéu verde entrou na sala. O homem estranho alegou que ele poderia ajudar o carpinteiro a completar a tarefa nos três dias. Ele, no entanto, tinha uma condição: assim que a ponte estivesse terminada, a primeira alma saída da casa do carpinteiro a passar por cima da ponte pertenceria a ele.

Foi então que o carpinteiro percebeu que o homem estranho era o Diabo.

Então, atraído pela grande soma de dinheiro, ele, o carpinteiro, concordou com os termos do Diabo, acreditando que, quando chegasse a hora, ele poderia enganar o trevoso.

Três dias depois, a ponte estava completa, e o Diabo estava no meio, aguardando sua presa. Depois de ter permanecido lá por muitos dias, o carpinteiro finalmente apareceu. Sentindo que seu pagamento estava próximo, o Diabo pulou de alegria. No entanto, o carpinteiro estava levando uma de suas cabras, e quando ele se aproximou da ponte, ele a empurrou antes dele e gritou: "Aqui você tem a primeira alma da minha casa!"

Em um ataque de raiva por ter sido tão enganado e humilhado, o Diabo agarrou a cabra pela cauda e arrastou-a através da ponte. Tão duro foi o modo com que o Diabo lidou com a criatura que a cauda dela foi arrancada. Caçoado e ridicularizado por todos que o viam com a cabra, o diabo fugiu.

Diz-se que desde o dia em que o carpinteiro enganou o Diabo, todas as cabras tiveram caudas curtas.


02. Robert Johnson

Robert Johnson foi um cantor, compositor e músico de blues americano. Foi por sua capacidade de tocar violão magistralmente que ele é mais lembrado, e ainda é considerado um dos maiores guitarristas de todos os tempos.

Estranhamente, tocar violão não era uma habilidade pela qual ele era conhecido desde criança. A história conta que, embora ele tenha tocado avidamente na escola, ele não foi relatado como tendo qualquer talento real para a coisa. No entanto, com a idade de 18 anos, Johnson exibiu um domínio no violão que parecia ter surgido do nada. Seu rápido conhecimento do instrumento era inexplicável: ele tocava com uma sutileza tão íntima que a única explicação para isso era o Diabo.

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Reprodução/our american stories

Segundo a lenda, como um jovem que vivia em uma fazenda no interior do Mississipi, Johnson desejava muito tornar-se um grande músico de blues. Este desejo era tão grande que ele levou seu violão para uma encruzilhada próxima. Lá ele foi recebido pelo Diabo, que pegou seu violão e o afinou. Ao devolvê-lo, Johnson recebeu o domínio do instrumento — pelo preço módico de sua alma.

Nos anos que se seguiram, Johnson tornou-se um músico itinerante, mudando de lugar para lugar tocando violão nas pontas das esquinas. Mais tarde, ele passou a gravar várias músicas.

Alguns dizem que alusões ao pacto diabólico de Johnson podem ser encontradas em várias de suas próprias canções, incluindo Cross Road Blues, e Me and the Devil.

Ominosamente, Johnson morreu em circunstâncias misteriosas em 1938, na tenra idade dos 27 anos. Uma teoria sugere que ele foi envenenado pelo marido ciumento de uma mulher com a qual ele tinha um caso. Outra teoria diz que ele morreu de sífilis. Em última análise, ninguém sabe. Não só isso, o túmulo de Johnson também é um mistério — com pelo menos três lugares diferentes sendo marcados como possíveis locais.

Com a música de Johnson agora consagrada no hall da fama do blues, pode-se apenas imaginar se o Diabo veio e cobrou seus honorários conforme combinado. Afinal, Johnson morreu na lendária e possivelmente amaldiçoada idade dos 27 anos, o que significa que ele se junta a outros grandes músicos do infame Clube dos 27, incluindo Jimi Hendrix, Kurt Cobain e Jim Morrison.


01. A Possessão de George Lukins


No sábado, 31 de maio de 1788, o reverendo Joseph Easterbrook foi alertado sobre o estranho caso de George Lukins, um homem que afirmava estar possuído pelo demônio.

Foi um dos paroquianos do reverendo, a Sra. Sarah Barber, que lhe contou sobre a aflição de Lukins.

Ao visitar a aldeia de Yatton em Somerset, lugar onde ela morava, a Sra. Barber ficou perturbada ao encontrar um homem que ela conheceu em um estado de doença extraordinária. George Lukins, um alfaiate, portador de uma profissão comum, havia sido um filho de "bom caráter", que "constantemente frequentava a igreja e o sacramento". No entanto, nos últimos dezoito anos, seu comportamento havia mudado — sua natureza mudou.

Durante a sua estadia na aldeia, ela relatou ao reverendo que testemunhou o infeliz homem tendo convulsões várias vezes ao dia, durante as quais ele "cantava e gritava em vários timbres, alguns dos quais não se assemelhavam a uma voz humana".

George fora colocado sob os cuidados do Sr. Smith, um eminente cirurgião. Muitos outros cavalheiros médicos também haviam emprestado sua ajuda ao Sr. Smith e seu paciente. Tudo foi em vão. Nenhuma cura poderia ser encontrada para a misteriosa enfermidade, com o próprio George declarando — no meio de seus ataques — que nenhum médico poderia lhe prestar serviço.

Muitas das pessoas da aldeia estavam convencidas de que o homem estava "enfeitiçado". O próprio George "declarou que ele estava possuído por sete demônios".

Depois de ouvir a história da Sra. Barber, o Rev. Easterbrook solicitou que George Lukins o visitasse.

Nas anotações do reverendo, ele descreveu como George fez “os ruídos mais terríveis” enquanto seu corpo convulsionava. Experimentando até nove convulsões por dia, o homem estava fraco e emaciado. Ele também era incapaz de ouvir expressões religiosas sem se contorcer de dor.

Outra testemunha, que publicou uma carta no jornal local da época, descreveu como George declararia “numa voz estrondosa que ele era o diabo”, antes de cantar uma canção de caça, numa voz “rouca” e “assustadora”. Eles até mesmo detalharam como: “Em certos períodos do ataque, ele ficava tão violento, que um assistente era sempre obrigado a estar próximo, para impedi-lo de infligir alguma lesão em si mesmo”.

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Cristo exorcizando um crente, mostrado em uma seção do pano de abstinência na Catedral de Gurk, Caríntia, Áustria | Créditos: Meister Konrad von Friesach via Wikimedia Commons

No dia 13 de junho, o Rev. Easterbrook e vários de seus amigos e colegas reuniram-se com George na sacristia da igreja. Eles começaram cantando hinos, o que imediatamente levou George a convulsionar em agitação. Seu ataque tornou-se mais violento, até que ele falou em "voz rouca, profunda e sombria". A voz declarou que "nunca desistiria" de George, e que qualquer tentativa de ajudar o homem faria com que ele sofresse "mil vezes mais". A voz então começou a cantar da maneira usual, gabando-se de seu poder, blasfemando e jurando vingança contra o desafortunado George e todos aqueles que se atreviam a se opor a ele.

À medida que a sessão continuava, outras vozes se manifestavam, todas recusando-se a soltar George e advertindo contra toda e qualquer tentativa de ajudá-lo. Em um ponto, uma voz possuiu o homem e declarou: "Eu sou o grande Diabo", antes de fazer George ter violentas convulsões que dois homens tiveram que contê-lo.

Quando a voz que se pensava ser o demônio foi perguntada por que ele atormentou George, ela respondeu: "Para que eu possa mostrar o meu poder entre os homens." Todo o tempo, George continuou a sofrer violentas convulsões, apesar de seu pequeno tamanho e corpo enfraquecido.

Quando a sessão atingiu seu clímax, um dos clérigos ordenou, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que o espírito maligno se afastasse do homem. Orações por sua libertação foram oferecidas e a ordem do clérigo repetida. As convulsões e agonias de George ficaram mais fortes. Ele estava, agora, gritando — uivando — em dor miserável.

Então, ele foi entregue. As convulsões cessaram — o Diabo, aparentemente, partiu. George Lukins, anteriormente declarado pelos médicos como incurável, foi curado.



Agostino Musi, “Os Esqueletos” (1518), gravura
paranormal scholar