Sons de passos, objetos que aparecem e desaparecem, barulho de móveis sendo arrastados no forro, sombras inexplicáveis, vultos estranhos e vozes desencarnadas. Você já esteve em alguma casa em que ocorreram tais fenômenos bizarros?
Dizem os pesquisadores, que os espíritos das pessoas que morrem de forma violenta, ficam ligados ao local onde aconteceu a tragédia. Sabemos que os visitantes do além habitam em diversos locais em nosso mundo, mas o local de um crime ou suicídio poderia ser sua moradia definitiva?Confira agora relatos reais de pessoas, aqui mesmo do Brasil, que foram atormentadas por tais fenômenos inexplicáveis. Dessa vez eu separei apenas 4 relatos, pois estes são mais longos e detalhados. Confira:
Dessa vez seria diferente, eu pensei. Mas lá estava eu, sem dinheiro, sem trabalho, no meio do nada e morando em uma casa realmente assustadora e assombrada, a ultima coisa no mundo que eu queria.
Tudo começou quando eu decidi fazer uma nova tentativa de sair da cidade grande de uma vez por todas.
Eu odeio cidades grandes, mas eu sempre acabava em uma para conseguir me sustentar financeiramente.
Esta é uma história, honesta e verdadeira sobre a casa assombrada onde eu fui parar.
Ela era isolada do mundo e o vizinho mais próximo ficava a mais de cinco quilômetros de distância. Era o começo do verão e eu estava ansioso por sair da Grande São Paulo... de novo.
Finalmente depois de ter procurado em todo lugar, eu consegui um emprego como técnico de uma rádio em uma cidadezinha do interior paulista. A cidade ficava a cerca de trinta quilômetros do vale quase inabitado onde eu esperava morar de novo. Eu fui para a estação de rádio assim que cheguei na pequena cidade. E depois de apresentações e ouvir o que era esperado de mim no serviço, eu fui para o meu vale favorito.
Tudo estava um mar de rosas, pelo menos no começo. Eu tinha alguns amigos no vale de quando eu morei ali antes, então eu achei que poderia ficar com eles até arranjar um lugar meu.
Depois de duas semanas, as coisas não estavam indo muito bem na estação de rádio. Eles tinham mudado de ideia quanto a ter um técnico em período integral lá. No entanto, isso não acabou com as minhas esperanças de conseguir um bom emprego em outro lugar e conseguir ficar na região.
Eu já tinha visto várias casas para alugar, mas nenhuma me agradou muito. Um dia, finalmente, eu vi um velho amigo (Beto) e a sua recém-casada esposa. Ele também estava procurando um lugar para alugar e tinha algumas ideias que eu não tinha pensado. Havia um lugar que ele me descreveu que parecia ser maravilhoso. Era uma casa de fazenda velha de dois andares, seis quartos, completa, com celeiros e estábulos. A casa estava a quinze quilômetros da cidade mais próxima e para chegar nela tinha uma estrada muito pouco usada. O aluguel na época era de R$ 75,00 por mês. O proprietário tinha baixado o aluguel da casa em troca da reforma feita nela, segundo Beto.
Eu estava começando a me animar, até que a sua querida esposa acrescentou que a casa era assombrada. Como era a primeira vez que eu encontrava a esposa do Beto, eu não sabia o que pensar. O Beto não era nem um pouco supersticioso. E julgando pelo que eu tinha ouvido falar sobre a mulher dele, ela também não era. Mesmo assim, eu resolvi ir ver a casa. Talvez ela não gostasse de casas antigas que precisassem de reforma.
Eu consegui chegar na casa no começo da tarde. Era um verão quente e o ar fresco e as montanhas (serra) ao longe deram um ar muito atraente à casa. Eu podia ver o celeiro e outras construções ao longo do terreno. Quando eu me aproximei da porta da frente, eu notei que a maioria da madeira estava podre e tinha caído durante os anos, deixando a varanda intransitável. Então eu lembrei que o Beto me falou para entrar pela entrada de trás da casa. Eu fui lá pra trás e entrei na cozinha, pensando como seria bom morar em uma casa de fazenda. Lá dentro eu fui recebido pelo som de uma torneira vazando. Eu fui para a pia e tentei, em vão, desligar a torneira.
Isso só piorou as coisas, começou a sair mais água. Então eu decidi deixar isso pra lá e continuar com a minha visita. A cozinha era gigantesca (do tamanho de muita sala) com um teto bem alto e armários grandes com portas de vidro.
Depois de ter olhado a cozinha e a fria despensa com entrada do lado da cozinha, eu continuei para a sala de estar. A sala de estar devia ser duas vezes maior do que a cozinha, com um teto igualmente alto. Eu estava cada vez mais empolgado. Saindo da sala, eu entrei em um corredor que levava para a parte da frente da casa. Do lado esquerdo do corredor tinha o único banheiro da casa.
Continuando pelo corredor, haviam quatro quartos, sendo que três tinham janelas que davam para a frente da casa. Dois deles possuíam portas para fora da casa que davam para a varanda. Eu ficava cada vez mais ansioso por morar naquela casa quanto mais eu olhava ela. Tanto que eu até tinha esquecido o comentário que a esposa do Beto tinha feito.
Depois de ter feito o tour pela parte de baixo da casa, eu subi para ver o andar de cima (a casa originalmente tinha sido construída sendo quatro quartos e o banheiro; a cozinha, a sala e a parte de cima, que pegava metade da casa, haviam sido construídos depois). A escada dava para um corredor que ia de uma ponta a outra da parte de cima da casa. Na esquerda do corredor, tinha um pequeno quarto (um depósito) com material de construção e alguns restos de madeira. Para a direita, tinha uma porta que dava para um quarto com porta, maçanetas, janela, lustres, tudo num estilo antigo, meio colonial. Eu estava pensando que era uma casa maravilhosa.
Agora eu estava indo em direção do outro quarto no final do corredor, que estava com a porta fechada.
Quando eu abri a porta e entrei, notei que o quarto tinha sido reformado recentemente, com papel de parede e tudo. Então finalmente começou: Quase que imediatamente quando eu entrei no quarto, eu não me senti muito confortável.
Parecia que a minha cabeça tinha parado de funcionar. Apenas a alguns momentos olhando a casa, parecia que era um sonho virando realidade. Mas no entanto, assim que eu entrei nesse quarto eu não sentia nada.
Só a impressão de que tinha alguém me olhando à minha direita, que era a frente da casa. Eu virei nessa direção e notei que um buraco tinha sido cortado na parede perto do chão e estava coberto por um saco plástico preso com fita adesiva na parede. Era provavelmente a entrada para o forro da parte original da casa.
Eu fui até o buraco, e tirei o plástico para poder olhar lá dentro. Talvez foi porque os meus olhos não estivessem ajustados com a escuridão, mas eu tive a impressão de ter visto um par de olhos me olhando da escuridão. Então vieram os barulhos: estalos na madeira, como se alguém estivesse vindo do forro na minha direção, bem devagar.
Eu senti uma sensação estranha, mas parecia que nada estava se mexendo ali dentro, só que os olhos não estavam mais lá. Eu coloquei a cabeça lá dentro e olhei de um lado para o outro, mas só via sombras da madeira da estrutura. Eu decidi que era só a minha imaginação, então coloquei o plástico de volta no lugar e me virei para ir embora. Mas, eu simplesmente não conseguia me livrar da sensação de que eu estava sendo observado enquanto eu saia do quarto. Eu abri a porta, sai, e fechei a porta atrás de mim. Enquanto eu descia a escada eu tentei esquecer aquela sensação estranha que eu senti no quarto. De novo, eu estava encantado com o lugar.
Eu fui para a cozinha, sai da casa e me afastei uns trinta metros dela e dei uma boa olhada em volta, pensando como ia ser bom morar em um lugar como aquele. Subitamente eu senti que estavam me observando de novo. Eu olhei na direção de onde vinha a impressão, e era bem em uma entrada de ar que tinha na lateral da casa, onde ficava o forro da parte original da casa. Eu não conseguia esquecer ou ignorar aquela sensação, não importa o quanto eu tentasse.
Depois que eu voltei para a cidade, eu acabei esquecendo a parte esquisita da visita e só podia pensar na parte boa e de como eu havia gostado do lugar. Mas eu realmente não estava muito a fim de me mudar para lá sozinho, então eu coloquei isso de lado por um tempo.
Alguns dias depois eu recebi um telefonema avisando que o meu irmão e um amigo dele estavam vindo me visitar. Eu sabia que o meu irmão queria sair da cidade tanto quanto eu. Ele sempre falava em vir para o interior morar comigo. Quando ele chegou, ele me falou que o amigo dele e ele queriam ficar comigo o verão todo. Finalmente! Era a minha chance de mudar para a casa que eu tinha visto! O meu irmão concordou em dividir o aluguel comigo depois que eu falei sobre o lugar.
Nós falamos com o dono da casa e depois levamos a minha mobília (guardada em um depósito desde a minha ultima tentativa de morar na área) para a casa. Eu escolhi um dos quarto de baixo, do lado do banheiro. A primeira noite foi bem calma. Depois do terceiro dia, depois de não terem encontrado emprego nenhum, meu irmão e o seu amigo me falaram que estavam indo embora de volta para a capital. Então lá estava eu, morando sozinho em uma casa gigantesca, potencialmente assombrada.
Os barulhos geralmente aconteciam por volta de 11:00pm. No começo eu só ouvia algo arranhando as paredes. Eu pensei que poderiam ser ratos. Depois de alguns dias eu comecei a ouvir passos fortes no andar de cima. Era como se alguém estivesse arrastando algo por aquele quarto estranho no andar de cima. Eu lembro de colocar a minha orelha contra a parede para ver se o barulho vinha mesmo da casa, e realmente vinha.
Como eu tinha um aparelho de som, eu simplesmente aumentava o volume o suficiente para não ouvir os passos que vinham do segundo andar. Eu geralmente ficava acordado até não poder aguentar mais de sono (geralmente entre 1:00 e 2:00 da manhã). Isso era padrão toda noite.
Depois de várias semanas vivendo assim, eu fui falar com um amigo (Diogo) de São Paulo, que também estava tentando fugir da cidade grande. Como ele estava procurando um lugar para ficar, eu ofereci um dos meus quartos. Diogo aceitou na hora. Tendo cinco quartos para escolher, ele pegou um que ficava no andar de baixo, perto da escada na parte da frente da casa.
Na manhã seguinte, Diogo me perguntou algo muito interessante, o que eu estava fazendo andando pra lá e pra cá no andar de cima na noite anterior. Eu falei que não tinha subido lá em cima na noite anterior. Ele não acreditou e falou que eu fiquei andando no quarto em cima do quarto dele. Mas eu falei que em cima do quarto dele não tinha nada, só o forro.
Depois de mostrar o andar de cima eu finalmente convenci ele. Agora ele tinha chegado na mesma conclusão que eu. Tinha um fantasma lá em cima. Então, do seu jeito estranho de tentar me confortar, eu acho, ele me contou uma experiência que uma outra hora conto. Diogo ficou na minha casa assombrada por duas semanas, então se mandou, me deixando sozinho para ser comido pelo que quer que fosse que rastejava no segundo andar.
Algum tempo depois eu acabei esbarrando com uma amiga na cidade. Ela me perguntou como eu estava e onde eu estava morando. Quando eu falei para ela, o seu comentário foi, "oh, aquela casa é assombrada". Então ela me contou a história da casa. Ela falou que uma família tinha se mudado para a casa a algum tempo atrás e um dos filhos do inquilino ocupou o quarto da frente do segundo andar. Ele começou a fazer seções espíritas (brincadeira do copo e coisas do gênero) lá. Muita coisa ruim começou a acontecer com a família, e depois de pouco tempo, eles acabaram se mudando. Ela falou que o estado que eles se encontravam (emocionalmente) era bem precário, eram só uma sombra do já tinham sido.
Estavam cansados e deprimidos.
Quando eu voltei para casa, eu não tinha certeza se tinha gostado de ter ouvido essa informação extra sobre a casa. Algumas noites depois tinha muito barulho no andar de cima, tava uma bagunça, que parecia que o que quer que fosse que estava fazendo aquela zona toda ia descer a escada. Eu estava tão assustado que já estava fazendo planos de por qual janela pular e qual roupas levar. Nem o aparelho de som conseguia mascarar o barulho mais. No entanto, nada se materializou aquela noite. Se eu colocar tudo o que aconteceu comigo enquanto estava lá, ia pegar muito espaço. No entanto, teve uma noite que eu nunca vou esquecer.
A única tomada de telefone que tinha na casa estava na sala de estar, que ficava em baixo daquele quarto.
Naquela noite eu estava esperando um telefonema de alguns amigos que estavam para chegar. Eu esperei o dia inteiro pela ligação. À noite, depois das 23 horas, os barulhos começaram eventualmente. Eu tinha me acomodado na cama para sobreviver a noite como sempre, quando o telefone começou a tocar. O som do telefone me assustou, para não dizer coisa pior. O som dele era quase inaudível devido ao barulho do quarto em cima da sala. Eu me levantei e fui para o corredor escuro e acendi a luz. Quando eu cheguei na sala de estar (onde eu sempre deixava uma luz acesa de noite) eu atendi o telefone. Realmente eram os meus amigos ligando. Eu tentei parecer calmo, mas o tempo inteiro enquanto eu estava no telefone, eu podia ouvir os passos no quarto acima de mim. A todo segundo eu esperava ver algo correndo escadaria abaixo, mas nada aconteceu. Até o meu amigo no telefone percebeu que tinha algo de errado.
Como já era de se esperar, eu nunca consegui um emprego estável então eu fui forçado a me mudar (adivinha para onde), sim, de volta para São Paulo. Eu coloquei toda a minha mobília em um dos quartos da frente, com a permissão do dono da casa, e me mandei de lá.
Depois de vários meses quando eu fui voltar para pegar as minhas coisas, eu perguntei para o atual inquilino se ele estava gostando da casa. Ele era um antigo policial da PM. Ele me falou que estava gostando da casa. Demorou um pouquinho para ele pegar confiança em mim e desabafar.
Ele eventualmente me contou que numa noite ele ouviu um barulho no andar de cima e viu que evidentemente alguém tinha entrado na casa, no quarto da frente, e estava praticamente destruindo ele, embora alguém escalar uma parede lisa e entrar pela janela do segundo andar fosse quase impossível. Ele me contou que pegou a lanterna, a arma carregada e subiu para ver quem era. Assim que ele abriu a porta o barulho parou. Ele olhou o quarto vazio e inteiro, com a janela fechada e trancada por dentro. Então ele foi dar uma olhada no forro pelo buraco. Ele entrou lá dentro e foi de uma ponta a outra e não viu nada.
Assim que ele voltou pro quarto e deu mais uma examinada, ele chegou na mesma conclusão que eu tinha chegado quando me mudei para lá. Ele então me falou que uma noite, já era tarde, ele estava vendo TV na sala, e ele e a mulher viram uma aparição, uma névoa com o formato de uma pessoa, mas nada muito definido, descer a escada, passou por eles indo na direção da frente da casa, e entrou em um dos quartos. Ele foi ver o quarto depois, mas não viu nada.
Eu só voltei lá mais uma vez depois: dois anos mais tarde.
Depois de ter falado a história para uns amigos no carro enquanto estava passando pelo vale, nós fomos para uma das cidades que haviam por lá, paramos em um supermercado para comprar comida e fomos ver a casa. Tinha acabado de escurecer.
Quando nós chegamos, fomos para a porta de trás e eu vi que não tinha ninguém em casa. Uma das pessoas que estavam com a gente era uma mulher religiosa, e ela colocou a mão na porta e começou a rezar. Todos nós ouvimos quando os pratos, panelas e a mesa da cozinha começaram a vibrar e a chacoalhar. Depois foram as janelas e a porta que começaram a tremer junto com o resto que já estava tremendo. Nós voltamos correndo para o carro.
Quando chegamos lá, tinha uma estranha substância viscosa na maçaneta do carro que não estava lá quando paramos na cidade a apenas alguns minutos. Não precisa nem dizer que eu nunca mais cheguei perto daquela casa.
Nas férias eu sempre vou para a fazenda do namorado da minha tia, lá em Minas Gerais (eu esqueci o nome da cidade agora). Ele, a minha tia e os meus primos moram lá. A família do namorado da minha tia tem aquela fazenda desde o final do séc XIX.
No verão passado eu tinha ido para lá, como de costume. Só que dessa vez o meu espírito curioso e aventureiro de adolescente não se contentou em ficar somente na piscina e andar de cavalo, eu queria sair e explorar a fazenda inteira. Depois de um tempo enchendo o meu primo Alexandre (Alex) com isso, ele finalmente concordou em ir junto comigo, já que além de eu não querer ir sozinha, não conhecia tão bem a região quanto ele.
Nós saímos de manhã, um pouco depois do café e fomos dar umas voltas. Quando estávamos um pouco longe da casa da fazenda ele falou "Já que você quer explorar, eu vou te levar para a antiga casa principal da fazenda." Quando ele falou aquilo, eu já sentia que eu ia encontrar muito mais do que eu queria lá.
A casa antiga da fazenda ficava bem longe da outra, nós levamos um bom tempo para chegar até lá. Quando chegamos lá, eu vi que a casa era bem velha. Ela não era tão grande, mas não era pequena. A porta estava destrancada, estava simplesmente encostada. Não era exatamente aquilo que eu tinha em mente quando eu falei que queria explorar a fazenda, estava mais interessada em um rio, alguma cachoeira, alguma montanha com uma vista bonita, ou até alguma caverna, mas era aquilo que eu tinha no momento.
Nós entramos na casa e a primeira coisa que eu notei é que as paredes estavam completamente arranhadas, com umas manchas amarronzadas que pareciam sangue, mas poderia ser tinta velha também, apesar dos formatos delas serem bem estranhos. O meu primo falou que fazia tempo que ele não ia lá, mas que da última vez que ele foi, as paredes não estavam daquele jeito. Nós estávamos na sala principal. Para a esquerda tinha uma passagem que levava para outra sala (a de jantar) e para a direita tinha um corredor que levava para os quartos. Da sala de jantar dava para ir para a cozinha, e de lá para fora da casa de novo, pela porta dos fundos. Nós pegamos o corredor da direita, para olhar os quartos. Haviam quatro quartos e um banheiro, no total. O primeiro quarto estava normal, nada de mais, só poeira. O segundo e o terceiro a mesma coisa. Então fomos ver o quarto quarto, o maior de todos. Quanto entramos, eu senti uma brisa fria e um pouco de frio, mesmo a casa estando bem quente e abafada. Nesse quarto tinha um armário e nós fomos ver o que tinha dentro dele. Abrimos a porta e nada. Então eu ouvi o som de passos vindo do corredor. Eu agarrei o braço do meu primo e olhei para a porta. Os passos chegaram perto e pararam na frente da porta. Mas não apareceu ninguém. Eu olhei assustada para ele e sai correndo, e ele veio atrás. Enquanto eu corria pela casa para sair dela, eu não vi ninguém lá dentro, só via as nossas pegadas na poeira, a de mais ninguém, apesar de ter ouvido os passos.
Lá fora na luz do sol, ficamos mais calmos. Eu olhei para ele e ia perguntar o que será que tinha sido aquilo, quando ele começou a gritar, do nada. A única coisa que ele falava era "tá doendo". Eu olhei no braço dele e começou a aparecer um monte de marcas vermelhas e brotoejas. O pescoço dele começou a ficar todo vermelho também. Eu decidi que era melhor levar ele correndo para a casa da fazenda, para a mãe dele ver o que era. Antes de sair correndo com ele eu dei uma ultima olhada para a velha casa e vi uma fumaça meio cinza na porta de entrada, na forma de uma pessoa. Depois disso eu agarrei a mão do meu primo e sai correndo.
Quando nós chegamos na casa da fazenda a mãe dele viu como ele estava e ficou assustada. Ela levou ele no hospital, e deram alguns remédios para ele tomar. O estranho é que no dia seguinte ele já estava bom de novo, nem parecia que ele tinha tido alguma coisa. Ele me falou que aquela era a primeira vez que ele havia entrado nos quartos da casa antiga, e que era a primeira vez que ele tinha uma reação alérgica lá, mesmo já tendo ido na casa anteriormente.
Durante o jantar nós falamos o que tinha acontecido no dia anterior, e falamos dos passos que ouvimos. O namorado da minha tia ficou preocupado, achando que podia ter alguém morando lá escondido, já que isso não era incomum acontecer por lá. Ele resolveu ir investigar a casa no dia seguinte. Como não tinha muita coisa para fazer, Alex e eu fomos junto com ele. Quando chegamos lá, nós entramos na casa, e para a nossa surpresa, as paredes não tinham arranhões nenhum, e nem nenhuma mancha de tinta ou sangue (ou o que quer que fosse aquilo). Mas eu e o Alex não saímos da sala, foi o máximo que nós entramos. O namorado da minha tia procurou a casa inteira e não achou ninguém e nem sinal de que alguém além do Alex e de mim tenha estado lá dentro.
Nós fomos embora de lá e nem o Alex e nem eu voltamos lá de novo. Mas eu não vou esquecer tão cedo daquela fumaça cinza que tinha na porta, e nem a alergia relâmpago do Alex que veio do nada e foi embora como se ele nunca tivesse pegado coisa alguma.
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No verão de 1994, o meu (na época) noivo, nosso filho de 5 meses e eu, nos mudamos para uma velha casa em uma cidadezinha não muito longe de São Paulo (um pouco mais de uma hora de viajem). A nossa casa ficava bem do lado de uma curva muito perigosa de uma estrada local.
A única coisa que me deixava inquieta, é que a parte do quintal da casa não ficava a mais de 1 metro da estrada, onde os carros passavam a uma velocidade alta demais para a curva. Mas mesmo isso não nos desanimou. Nós estávamos super felizes com a casa, já que era a nossa primeira casa. Tudo ocorreu sem problemas, até que nos acomodamos nela.
Instintivamente eu sabia desde o começo que tinha algo de estranho com a casa. Eu já tive essa impressão antes, em outras ocasiões, outros lugares, e elas nunca estiveram erradas.
Pouco tempo depois de nos mudarmos, começamos a ter problemas com o nosso filho; ele simplesmente não ficava sozinho no quarto dele. Nós nunca tivemos esse problema antes. Sempre que eu colocava ele no berço dele, ele chorava e chorava, e só parava quando nó pegávamos ele. Em qualquer outro canto da casa ele ficava sozinho sem nenhum problema, menos no quarto dele, ele berrava tanto que parecia que ia explodir.
Eu também tinha meus problemas com alguns cômodos. Eu nunca entrava na garagem ou no quarto de empregada. Eu não tenho uma explicação para isso, mas só de passar na frente do quarto de empregada ou da garagem, os pelos da minha nuca arrepiavam todos e um frio subia a minha espinha.
Um tempo depois do nosso casamento, que tinha sido em Julho, eu estava na sala, com o meu filho e a minha cunhada. Era dia ainda e estava muito claro, mas nós vimos algumas sombras se movendo na parede da sala. Na hora eu liguei para uma amiga minha para ela ver o que estava acontecendo, e assim que ela entrou em casa ela sentiu alguma coisa estranha. Ela também chegou a ver algumas coisas estranhas: sombras pela sala, a sensação de estar sendo observada, barulhos no andar de cima da casa, quando não tinha ninguém lá em cima, e portas se fechando sozinhas. Nós contamos essas coisas para o meu marido e ele apenas falou que nós estávamos imaginando tudo isso.
Lá pelo natal, ele mudou de ideia. Nós colocamos uma desses pisca-piscas musicais na árvore de natal, e toda noite eu tirava elas da tomada antes de ir dormir. Numa noite ele acordou com a musiquinha tocando e as luzinhas piscando, iluminando de leve o corredor do lado de fora do quarto. Ele me acordou e falou que eu tinha esquecido de desligar as luzes. Então eu falei pra ele "Eu desliguei. Você tava lá e viu eu tirando elas da tomada." Ele sentou na cama e me olhou com uma cara confusa. Ele levantou e foi na ponta dos pés até o lado de fora do quarto e desceu a escada, e não achou ninguém mais na casa. Então ele voltou, estava com um rosto pálido, e não falava uma palavra. Eu perguntei o que era e ele simplesmente falou pra eu "voltar a dormir".
No final de semana depois disso, o nosso filho foi para a casa dos avós dele. Na primeira noite sem ele, quando nós estávamos nos arrumando para dormir, nós ouvimos o som de um bebê chorando. Como o nosso filho não estava em cassa, simplesmente ignoramos. Só que o choro começou a ficar cada vez mais alto. Nós ficamos preocupados, e fomos até o jardim de casa, pensando que alguém poderia estar precisando de ajuda. Só que lá fora nós não ouvíamos nada! Quando entramos de novo, ouvimos o choro! Nós entramos e saímos da casa mais algumas vezes, e era sempre a mesma coisa. Do lado de fora, nada. Do lado de dentro, o som de um bebê chorando. Então o meu marido parou no pé da escada e viu que o choro estava vindo do andar de cima. Para ser exata, de um quartinho que nós usávamos para guardar tranqueiras.
Não preciso nem dizer que isso me deixou completamente APAVORADA!!! Eu acabei convencendo ele a mudar o nosso quarto e o quarto do nosso filho para o andar de baixo da casa. Só que depois disso, as coisas realmente começaram a acontecer...
Algumas coisas sumiam e só reapareciam depois de alguns dias. Não era incomum eu trancar a porta do quarto de empregada para deixar ela fechada, e colocar cadeiras em algumas outras, para deixar elas abertas. Eu odiava ter que subir as escadas para fazer alguma coisa lá em cima, ainda mais sozinha. Eu sempre sentia que o meu coração estava sendo apertado. Isso sem falar na garagem. Parecia que tinha algo sempre me espreitando lá dentro, pronto para atacar.
Por algum motivo, o único cômodo em que eu me sentia bem e segura, era o banheiro!! Eu odiava ficar naquela casa sozinha. Mas não importava muito para "eles" se eu estava sozinha ou não. Nada nunca nos machucou, mas tomamos muitos sustos, que parecia que o nosso coração ia parar de bater!
Mais tarde eu descobri que a casa já tinha tido muitos inquilinos, mas nenhum ficava muito tempo lá, nunca mais do que alguns meses. Nós fomos os primeiros em muitos anos a ficar mais de um ano naquela casa!
O dono da casa morava quase do lado, e a nossa casa estava na família dele a anos. Ele nunca falou nada sobre a história da casa. Ou ele não sabia, ou não acreditava.
Um amigo da família dele descobriu que nós estávamos na casa e contou para uma amiga minha que era para nós nos mudarmos o mais cedo possível, porque aquela casa não era um lugar seguro para se estar! Ele conhecia uma das famílias que haviam morado lá. Ele falou que temia pela nossa segurança, porque sabia de algumas manifestações violentas que já tinham acontecido lá dentro. Ele falou que era incrível que ainda estávamos lá depois de tanto tempo, e que ainda não tínhamos saído por conta própria! A família que ele conhecia ficou lá somente 1 mês!!! Quando eles estavam lá, objetos pesados eram jogados contra eles, as portas se fechavam na cara deles, acordavam de manhã com alguns hematomas pelo corpo, acordavam de noite com a cama chacoalhando violentamente, coisas assim. Depois de ouvir isso, eu falei para o meu marido "Amor... a gente vai embora!!" Nós nos mudamos na semana seguinte.
Como a casa foi construída bem na frente de uma curva perigosa, será que os espíritos de vítimas de acidentes que ocorreram ali acabam indo para na casa? Todos nós por aqui achamos que sim.
Quem sabe?
Na metade da década de 80, o meu pai comprou uma casa no município de Cotia - SP, no bairro "Granja Viana". Nós só usávamos a casa nos finais de semana. Era uma casa muito boa, com piscina e churrasqueira, e quem conhece a Granja Viana, sabe que a vizinhança por lá é bem quieta e as ruas são desertas. Era um refúgio da vida urbana de São Paulo. Nós sempre íamos para lá. Mas, o tempo passou e a minha família começou a passar por uma pequena crise financeira, e para não ter que vender a casa, nós a alugamos.
Depois de alguns anos, o meu pai deu uma volta por cima na crise que nós estávamos e então paramos de alugar a casa. Mas como fazia muito tempo que não íamos para lá, perdemos o costume e raramente íamos, e depois de algum tempo, simplesmente paramos de ir. A casa ficou quase que abandonada.
Depois de quase cinco anos com a casa no esquecimento, recebemos uma ligação de um policial da região pedindo para o meu pai comparecer na delegacia local, porque queriam falar com ele. O meu pai foi achando que ia ser alguma coisinha sobre a casa parecer abandonada ou coisa do tipo, mas quando ele voltou, estava branco feito a parede.
Ele chegou na delegacia e mandaram ele falar com um cara que já foi despejando tudo nele. O cara falou que ele era detetive, e que tinha conseguido o nosso telefone com um dos vizinhos e que tinha acontecido um crime na nossa casa, coisa pesada mesmo.
Quatro caras raptaram uma garota de 20 anos, levaram para a nossa casa pensando que ela estava abandonada e fizeram de tudo com a garota, e no final mataram ela e enterram no quintal, e pegaram todos os documentos, dinheiro e joias dela.
E o detetive falou que esse não era o primeiro crime que acontecia lá, falou que esses quatro caras já haviam mantido dois caras reféns de sequestro lá dentro e matado pelo menos mais três integrantes de uma gangue rival e enterraram lá. Eles procuraram e acharam a ossada dos três caras no nosso quintal também.
Falou que ele não precisava se preocupar, que tinham revirado o quintal todo e não acharam mais "ninguém", e que os quatro caras que estavam usando a nossa casa para isso tudo já haviam sido presos.
O meu pai estava arrasado, tinham invadido o nosso paraíso e transformado ele num inferno. Ele falou que o quintal da casa estava todo revirado, tava todo esburacado, a piscina estava completamente imunda, um dos quarto da casa estava completamente ensanguentado e o sangue já estava todo seco. Falou que a casa estava fedendo a urina, tava toda pichada por dentro. Ele falou que a casa estava irreconhecível. A gente resolveu que ia reformar a casa e depois colocá-la à venda.
Depois de muita dor de cabeça e muito tempo, a casa ficou como era antes. Um quintal bonito, tava toda arrumada e limpa por dentro, a piscina estava em ordem de novo, tinha voltado a ser uma casa decente de novo. Ai bateu a pena e nós decidimos que não íamos mais vender a casa, simplesmente iríamos esquecer o que tinha acontecido lá dentro no passado e transformar aquilo lá num lugar feliz de novo. Só que a nossa vida tinha mudado muito desde a época que sempre íamos para lá nos finais de semana e realmente não dava para ir sempre para lá.
Como nós estávamos com medo que usassem a nossa querida casa para algum fim deturpado de novo, estávamos pensando em alugar a casa mais uma vez. Mas agora eu já estava mais velho, já tinha o meu carro e estava para sair de casa e começar a minha vida sozinho. Então tive a brilhante ideia de em vez de alugarmos a casa, eu ir morar nela!!! Os outros podiam ir lá sempre que quisessem e a casa não ficaria abandonada.
No começo não foi fácil tentar convencer eles, a minha mãe estava muito apreensiva em me deixar morar lá sozinho. Foi depois de muita conversa e muita insistência que eles me deixaram morar lá.
E lá fui eu feliz da vida para a "minha" casa nova, morar sozinho e ser independente. Claro que eu pensava em levar o pessoal da faculdade para lá, fazer festa o tempo todo, achei que ia ser a maior farra. Mas foi exatamente o contrário. Com o tempo, eu acabei acostumando com a viagem diária para a faculdade e de lá para casa, mas nem todos os meus amigos estavam dispostos a ir até lá.
A casa era bem grande. Tinha cinco quartos, todos suítes, três salas, uma cozinha grande, área de serviço. Eu acabei me sentindo muito sozinho lá naquela casa enorme e ficava deprimido constantemente. Depois de um tempo assim, os meus pais deixaram eu chamar alguns amigos da faculdade para morar comigo. Claro que logo eu consegui convencer dois amigos e uma amiga a ir morar lá comigo. A vida depois disso começou a virar uma festa lá dentro. A gente se dava bem, respeitávamos uns aos outros e tratávamos a garota que estava morando conosco feito nossa irmã.
Com o tempo vieram as festas, já que agora tinha carro suficiente para levar e trazer quem quisesse ir.
Numa dessas festas, um pessoal se juntou na sala de TV e começou a contar histórias de terror. Só que era uma história mais fraquinha que a outra e não estava assustando ninguém, até que eu resolvi abrir a minha boca. Eu contei a história dos caras que tinham pegado a menina e depois de fazer ela passar pelo inferno, mataram ela num dos quartos lá em cima.
O pessoal ficou quieto porque realmente era algo pesado e realista, diferente do que estavam contando.
Estava aquele silêncio todo quando alguém me perguntou se aquilo realmente era verdade, porque se fosse mentira era uma piada de muito mau gosto. Eu jurei que era verdade, até que alguém gritou lá do fundo "vamos fazer a brincadeira do copo lá em cima nesse quarto e chamar o espírito da mulher então!"
Quando ele falou isso, a minha espinha gelou e todos os pelos do meu corpo ficaram em pé, só que o pessoal começou a gritar "vamo lá, vamo lá" e então lá fomos nós.
Eu peguei um copo na cozinha e subi com o pessoal que estava na sala da TV, enquanto o resto do pessoal ficou lá em baixo na festa.
Só uma coisa que eu não mencionei antes. Este quarto ficava sempre vazio, só tinha uma cama, um criado-mudo e uma poltrona lá dentro, mais nada. No dia que os meus amigos vieram morar comigo, na hora de escolher os quartos, todos entraram nesse quarto, mas ninguém gostou dele, e eu também nunca gostei dele, mas eu sabia o porquê, pelo menos eu achava que sabia, que era porque tinha sido lá que a garota tinha sido morta, só que eles não sabiam disso até aquela noite. Nenhum de nós quatro gostava de entrar lá dentro nem de passar pela frente dele. Dava uma angústia.
Quando nós entramos no quarto, empurramos a cama para perto da parede, e puxamos o criado-mudo para o meio do quarto, colocando o copo em cima dele e colocando um monte de letras escritas em pedaços de papel, em volta, e dois pedaços maiores escritos SIM e NÃO. Nós acendemos quatro velas e demos para quatro pessoas (nós estávamos em nove) segurarem em volta da gente para podermos ver as letras e apagamos as luzes. O cara que estava "comandando o show" falou que era bom só três pessoas colocarem o dedo em cima do copo para não dar muita "interferência" (eu não entendi o que ele quis dizer, eu não brinco muito com isso) então eu, ele e uma menina, colocamos o dedo em cima do copo e fechamos os nossos olhos, e os outros dois que sobraram, ficaram de ler o que o espírito respondia.
Nós três fechamos os olhos e começamos a tentar nos comunicar com o espírito. Depois de alguns minutos com o copo parado eu achei que não ia acontecer nada, mas de repente o copo começou a se mexer. Primeiro foi só um pouquinho para o lado.
Eu achei que tinha sido um dos outros dois que estavam com o dedo no copo que tinham mexido ele, então eu falei "quem mexeu o copo" quando o outro cara que estava como dedo no copo fez um "shhhhhh" e ficou com a cara séria. Ele realmente estava levando aquilo a sério. Então eu fechei o olho de novo. O cara perguntou se tinha algum espírito presente.
O copo se mexeu devagar. Um dos dois que estavam lendo o que o espírito dizia falou "o copo foi pro sim".
O cara que tava fazendo as perguntas perguntou qual era o nome do espírito. Depois de alguns segundos, o copo começou a se mexer. Ia de um lado para o outro, para frente e para trás. O cara que tava lendo o que estava sendo soletrado falou "Mariana". O nome do espírito é "Mariana".
Eu abri o olho e vi que o pessoal estava com uma cara meio assustada. Eu falei que não precisava se preocupar, que era algum dos dois que estavam empurrando o copo, quando um dos que estavam segurando a vela falou "cara, eu to olhando pra vocês três o tempo todo e não vi ninguém de olho aberto, como é que algum de vocês ia conseguir soletrar algo direito com o olho fechado?"
O cara que estava fazendo as perguntas fez um shhhhh de novo e nós ficamos quietos. Eu fechei o olho de novo, então ele perguntou se ela era o espírito da mulher que tinha morrido lá. O copo ficou parado. Um tempo passou, quase um minuto, e a gente estava para perguntar de novo quando o copo se movimentou violentamente para o lado. "Parou no sim de novo".
A garota que estava com o dedo no copo perguntou o que tinha acontecido lá. Imediatamente o copo começou a se mexer.
O cara que tava lendo falou "não tá indo para lugar nenhum, só tá fazendo um 8". O copo ficou fazendo um oito por um bom tempo. O cara que estava com o dedo no copo falou que a pergunta era muito complicada para responder. Então o copo parou. Ele perguntou a quanto tempo ela estava lá. Os dois que estavam vendo o que estava sendo escrito, começaram a soletrar "V-A-O-E-M-B-O-R-A".
Vão embora. por que?" o cara perguntou "V-A-O-E-M-B-O-R-A". De novo, vão embora.
Acho melhor a gente parar com isso" "Por que?" o cara perguntou de novo. O copo começou a se mexer muito rápido fazendo o sinal do 8.
Eu comecei a ficar assustado, porque era praticamente impossível algum de nós conseguir fazer o copo ir tão rápido como estava indo sem fazer ele virar. "Por que?" o cara insistiu de novo.
De repente, uma brisa bateu no quarto, mesmo as janelas estando fechadas, ficou frio lá dentro e as velas apagaram. O copo tinha parado de se mexer e eu ouvi um estalo. Um dos que estavam segurando as velas, pulou para o interruptor para acender a luz.
Quando o quarto ficou claro, eu vi algo que fez me arrepender muito de ter levado adiante aquilo tudo. O copo estava todo trincado e as letras tinham voado todas de cima do criado-mudo, menos 5: E, M, O, R, T. Eu bati o olho e vi que aquelas cinco letras formavam algo familiar. A menina que estava com o dedo no copo, simplesmente colocou o dedo em cima do "e" e colocou depois do "t". Morte. E assim que ela tirou o dedo de cima do pedaço de papel, ficou uma manchinha vermelha nele. O dedo dela tava sangrando, tava com um corte pequeno mas profundo. Eu acho que ela se cortou quando o copo trincou, mesmo que eu e o outro cara não tenhamos nos cortado. E realmente não dava para se cortar com o copo trincado, ele não tinha soltado lasca nenhuma, mas tinha sido nele, porque ele também estava com um pouco do sangue dela.
O cara que tinha acendido a luz, começou a falar que aquilo já era brincadeira de mau gosto. Que já era desrespeitar a garota que tinha morrido lá. Só que aquilo realmente não era brincadeira nenhuma. Quando ele abriu a porta irritado para sair, o resto do pessoal da festa estava do lado de fora com cara de assustados. Eles falaram que começaram a ouvir alguma garota berrando histérica, mas tava berrando muito, pedindo ajuda. Todo mundo subiu correndo, pois parecia que estavam matando alguém lá em cima.
Quando subiram viram que a berraria estava vindo de dentro do quarto que nós estávamos. Eles tentaram abrir, mas a porta estava trancada. Só que nós não tínhamos trancado a porta do quarto.
Eles falaram que bateram na porta e até tentaram arrombar ela, mas a porta não cedeu nem um pouco, e a cada segundo que passava, a gritaria lá dentro ficava mais desesperada e histérica, só que a gente não ouviu grito nenhum lá dentro! Então de repente tudo parou e a porta abriu.
A gente jurou que a porta estava aberta, mas ninguém acreditou. Eles acharam que era alguma brincadeira de mau gosto e desceram furiosos, pois aquilo não era brincadeira que se fizesse.
Depois de um tempo, todo mundo foi embora. Nós tivemos que levar a maioria para casa, e quando voltamos, a menina e o outro cara que moravam comigo, perguntaram o que tinha acontecido. Eu e o outro cara contamos a história, mas eles não acreditaram muito.
Quando a gente perguntou o que eles tinham ouvido, eles falaram que só ouviam gritos de uma mulher falando "para, pelo amor de Deus, para, alguém me ajuda" e coisa assim. Eu contei a história da garota que tinha sido morta lá dentro da casa e eles ficaram bravos por eu não ter contado a história antes. Mas deixamos tudo de lado e fomos dormir.
No dia seguinte levantamos para arrumar a casa (que estava uma bagunça). Quando tínhamos arrumado quase tudo eu falei "ainda falta o quarto do meio lá em cima. Só que eu não vou lá sozinho". O cara que estava lá comigo na noite anterior foi junto, e lá estava o quarto como nós havíamos deixado. Com os cinco pedaços de papel em cima do criado-mudo, o copo trincado no meio dele, as velas do lado do copo e o resto dos papéis espalhados pelo quarto. A gente pegou tudo correndo, colocou num saco de lixo e jogou fora.
Depois daquele dia, coisas estranhas começaram a acontecer pela casa. Sussurros pelos cantos, portas batendo com violência, mesmo sem ter corrente de ar dentro da casa, luzes que acendiam e apagavam, e as vezes uns gritos que vinham do andar de cima, que rasgavam a alma, era algo que dava um medo desgraçado.
Um dia estávamos nós quatro, chegando da faculdade, estávamos no mesmo carro. Quando nós saímos do carro, eu olhei para a casa e vi uma sombra na janela. Eu fiquei apavorado, mas quando os outros olharam, já não tinha mais nada na janela. Eu fiz todo mundo revirar a casa toda, mas não achamos ninguém lá dentro.
Depois de algum tempo, os nossos nervos já estavam à flor da pele, qualquer barulho e a gente já pulava assustado. Não demorou muito pra que os outros começassem a ir embora. Primeiro foi um dos caras.
Ele deixou pago o aluguel de dois meses, mas falou que não ficava mais lá, que não aguentava mais acordar no meio da noite com a impressão de que tinha alguém no quarto dele.
Várias vezes a gente achou ele dormindo no sofá da sala, de manhã. Depois de um mês, foi a garota que foi embora. O quarto dela ficava do lado do quarto que a menina tinha sido morta.
Ela falou que de noite escutava batidas nas paredes, vindas do outro quarto. E se ficasse tudo quieto, ela podia ouvir um choro bem baixo perto da parede. Nos dias antes dela ir embora, ela já não dormia direito, estava com umas olheiras grandes e andava de muito mau humor.
Na noite que ela foi embora, aconteceu o seguinte: ela falou que estava finalmente quase dormindo, o que estava sendo muito difícil para ela nos últimos dias, e que quando ela estava pra pegar no sono mesmo, ela ouviu uma voz feminina berrando com toda força no ouvido dela "SAI DAQUI! VAI EMBORA! ME DEIXA EM PAZ!".
Ela levantou da cama com um pulo, acendeu a luz, mas não tinha mais ninguém no quarto dela, só ela. Ela saiu do quarto dela chorando, falando que não aguentava mais aquilo e que ia embora. A gente conseguiu acalmar ela, mas ela simplesmente catou algumas coisas dela, foi pro carro e foi embora.
Ela voltou no final de semana pra pegar o resto das coisas dela e nunca mais pisou naquela casa de novo.
Depois de uma semana foi o outro cara que foi embora. Eu até hoje não sei o que aconteceu com ele direito. Ele sempre mencionava que o quarto dele costumava ficar frio de repente, do nada. Mas não o quarto todo, só alguns lugares, o que me fez pensar que tinha alguma corrente de ar lá dentro. Mas um dia, ele estava tomando banho e depois de uns cinco minutos lá dentro, ele saiu berrando do banheiro, peladão mesmo. Eu fui ver o que era e ele falou que não era nada.
Ele me fez ir até o banheiro com ele para desligar a água, depois botou uma roupa e tava falando da gente ir embora da casa. Eu consegui fazer ele a ficar mais um tempo pra gente resolver o que ia fazer, que tava muito tarde. Ele falou que tá bom, que ele ia ficar lá, mas que então ia dormir no meu quarto comigo. Eu deixei, pois não estava a fim de passar a noite sozinho também.
Ele colocou o colchão dele do lado da minha cama e então nós fomos dormir.
Quando eu acordei, o colchão dele estava todo rasgado e ele não estava lá. Eu fiquei preocupado e comecei a chamar por ele. Eu comecei a procurar ele pela casa e depois de um tempo, achei ele dormindo dentro do meu guarda-roupas, com uma faca de cozinha na mão.
Eu acordei ele, e ele me falou que acordou com a faca na mão e que tinha alguém segurando a perna dele.
Ele perguntou se era eu, mas só ouviu um grito desumano e a mão na perna dele começou a apertar até machucar ele. Então ele começou a esfaquear o colchão e correu para o armário e ficou lá dentro. Ele não sabe como eu não acordei com o grito, pois foi um grito bem estridente e alto.
Ele pegou as coisas dele e se mandou.
Eu fiquei lá sozinho por mais um tempo, mas não aguentava mais a solidão, e aquela casa já estava começando a me afetar. Era normal eu ir dormir no carro, porque estava com medo de ficar dentro da casa.
Depois de um tempo, eu resolvi ir embora da casa, porque eu já estava ficando louco e paranoico.
Eu estava vendo vultos no escuro em todos os cantos da casa, ouvia sussurros de noite, no meu quarto quando estava para dormir, ouvia os grito vindo do quarto do meio, lá de cima.
A coisa estava de um jeito que ou eu saia de lá, ou eu ia para um hospício.
Eu acabei voltando a morar com os meus pais, falando que a casa era muito longe para ir e vir todo dia e era por isso que eu estava sempre cansado e estressado. Meu pai tentou alugar casa, mas não conseguia ficar mais de seis meses com ela alugada. Agora ela está lá sem uso, pois não conseguimos alugar ela e não usamos. Daqui a pouco vai estar uma verdadeira casa fantasma abandonada.
Mas eu sei que eu não chego perto daquela casa de novo.